Autoridades e moradores da localidade uruguaia de Fray Bentos aguardavam hoje com esperança e cautela o cumprimento da ordem emitida pela Justiça argentina que obriga a liberação da ponte internacional General San Martín, que estava bloqueada há quatro anos em protesto contra a construção de uma fábrica de pasta de celulose.
"Tudo que ajuda a levantar o bloqueio é bom", comentou à ANSA Omar Lafluf , governador do departamento (estado) de Río Negro, cuja capital é Fray Bentos.
"Há tanto tempo que estamos pedindo isto [o desbloqueio] que, até que não seja concretizado, não vamos acreditar", disse, por sua vez, o presidente da Associação Comercial de Fray Bentos, Leopoldo Cairús, em entrevista ao site Observa.
O juiz argentino Gustavo Pimentel informou que existe um mandado judicial para que o governo garanta a livre circulação pela ponte.
O bloqueio é realizado por ambientalistas argentinos contrários à presença da indústria de pasta de celulose UPM, ex-Botnia, em Fray Bentos, que fica próximo ao Rio Uruguai, o qual delimita a fronteira entre Argentina e Uruguai.
A instalação da fábrica fez com que Buenos Aires recorresse à Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, alegando que Montevidéu teria violado o tratado que rege a fronteira ao permitir que a empresa operasse na região.
Em sentença divulgada em abril, o tribunal anunciou que a fábrica não polui a região, como defendem os ambientas, mas que o tratado foi violado. No entanto, não foi aplicada nenhuma compensação como pena.
A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, havia dito no início do mês, após se reunir com seu homólogo uruguaio, José Mujica, que cabia à Justiça encerrar o bloqueio e que seu governo ia usar da violência para retirar os manifestantes. (ANSA)
(Ansa, 09/06/2010)