A petroleira British Petroleum (BP) anunciou no domingo (06/06) primeiros êxitos na contenção do fluxo de óleo que assola o Golfo do México desde 20 de abril. A BP conseguiu instalar com sucesso um funil de contenção sobre o vazamento. Segundo autoridades norte-americanas de proteção costeira, cerca de um milhão de litros de óleo puderam ser sugados e armazenados em navios durante as primeiras 24 horas.
O presidente da BP, Tony Hayward, anunciou neste domingo estar seguro de que, através do funil, a maior parte do óleo vazado poderá ser extraída do mar. No momento, as consequências da maior catástrofe de vazamento de petróleo dos EUA ficam cada vez mais claras.
No total, desde que a plataforma Deepwater Horizon afundou, em 20 de abril último, vazaram de 83 milhões a 182 milhões de litros de petróleo no Golfo do México.
Consequências imprevisíveis
Neste ano, a catástrofe no Golfo ofuscou as comemorações do Dia Internacional do Meio Ambiente, celebrado no último sábado por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Tim Kasten, especialista em proteção à biodiversidade do Pnuma, acha incrível que esse vazamento ainda não tenha sido totalmente reparado. O especialista considera imprevisíveis as consequências ecológicas. Ele trabalhava para o Departamento norte-americano de Meio Ambiente quando, há mais de 20 anos, o petroleiro Exxon Valdez se chocou contra um recife, provocando uma catástrofe ambiental semelhante.
“Por isso, sei quando tempo demora até os efeitos e os custos reais se tornarem conhecidos. Não se trata somente dos custos e esforços resultantes da eliminação da mancha de petróleo, mas da recuperação de todo o ecossistema, que leva anos e anos”, explicou.
Custos e benefícios
Kasten acaba de lançar um estudo comparativo entre os custos e os benefícios da recuperação de ecossistemas destruídos. O resultado: o investimento na natureza vale, praticamente, sempre a pena. Na África do Sul, mais de três e meio milhões de euros foram gastos no reflorestamento dos montes Drakensberg, à parte de custos operacionais de aproximadamente um milhão de euros anuais.
No entanto, os ganhos com mais água potável, com a redução de sedimentos nos rios e, não por último, com os créditos de gás carbono compensaram os custos em apenas um ano. Essa é nitidamente uma história de sucesso ecológica e econômico. No entanto, Kaster não arrisca ainda dizer se esse também será o caso no Golfo do México
Segundo o especialista, “é impossível avaliar quanto a catástrofe de vazamento de óleo na costa da Louisiana irá custar. Agora só se percebem os primeiros efeitos sobre a fauna; mas as consequências disso para a pesca e para o turismo costeiro na alta estação, que acabou de começar, irá custar bilhões.”
Conta cada vez maior
Caso a mancha de petróleo se alastre, atingindo também outros países, os custos para reparação dos danos serão ainda maiores. “O que também temos que levar em consideração é a aplicação de produtos químicos que até agora nunca haviam sido empregados em quantidade tão grande. Esses produtos também têm efeitos negativos sobre o meio ambiente, mesmo que se afirme que eles sejam menos nocivos que o óleo”, explicou.
Kasten acredita que a recuperação ambiental terá início a partir do momento em que o vazamento for estancado. O especialista defende a participação das partes interessadas e o aprendizado com recentes constatações científicas que explicitam a relação de custo e benefício. “A experiência mostra que, no final, o benefício sempre justifica os gastos com a recuperação ambiental.”
Quanto mais tempo a mancha de óleo ameaçar a costa, maior será a conta. Só o gasto com a missão de proteção da costa, normalmente responsável pelas regiões de mangue, são avaliados por especialistas norte-americanos em 18 bilhões de euros anuais.
(Por Marc Engelhardt, DW-World, OngCea, 08/06/2010)