A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) defendeu ontem, na Tribuna Popular da Câmara Municipal de Porto Alegre, maior participação de entidades médicas, como o Cremers e o Simers, na regulamentação da lei de autoria do deputado estadual Miki Breier (PSB) que proíbe o fumo em locais fechados. "Nunca fomos convidados a participar das discussões. Mas essa é uma questão muito técnica e políticos não entendem necessariamente de saúde", declarou o coordedenador do projeto Fumo Zero da Amrigs, o médico pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva.
A legislação contém, segundo ele, um problema grave, que é a permissão dos chamados fumódromos nesses locais. "Estudos demonstram que o ar ali fica mais tóxico. Outra questão é que os próprios garçons ficam expostos a esse ar." Considerada mudança necessária nas leis antifumo é a definição de fiscalização e penalização a quem descumprir a legislação. "Lei sem penalização torna-se vazia, sem consistência. Assim como a legislação está, ficamos mais na dependência da educação dos fumantes", observou o médico pneumologista.
Ele destacou que, quando um cigarro é aceso, joga mais fumaça no ambiente do que nos pulmões do fumante. "Portanto, o ambiente com fumo zero é fundamental para se combater os efeitos do tabaco sobre a saúde dos não fumantes. Para a Organização Mundial da Saúde, o fumo zero em ambientes fechados é a medida de maior impacto contra o tabagismo", afirmou, citando leis promulgadas em países como Uruguai, Irlanda do Norte e Inglaterra. "Na Irlanda do Norte, por exemplo, depois da proibição de fumar em local fechado, houve queda de 30% no número de infartos", ressaltou.
Corrêa da Silva reforçou que as entidades médicas cada vez mais exigirão participação "em todo projeto ou lei relacionada à saúde".
(Correio do Povo, 08/06/2010)