Mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico (e-lixo) são descartados anualmente no mundo. As projeções são desalentadoras, considerando-se que a ONU estima que o volume deve triplicar até o final do próximo ano. O mercado interno brasileiro de eletrônicos está em franco crescimento no Brasil. A venda de computadores pessoais aumentou 23% em relação ao primeiro trimestre de 2009. Em números absolutos, foram comercializamos quase 3 milhões de unidades de janeiro a março, um volume que traduz o reaquecimento da economia e, por consequência, o maior uso da tecnologia pela população.
Já na área ambiental representa o aumento expressivo de resíduos eletrônicos, devido à constante troca de equipamentos antigos por novos. As projeções da ONU indicam que, a cada cinco anos, 1 bilhão de computadores são "aposentados" no mundo. Ativistas do Greenpeace alertam que, havendo descarte de maneira inadequada, as substâncias químicas presentes nos eletrônicos penetram no solo, com risco de contaminação dos lençóis freáticos com substâncias como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio, que afetam vegetais e animais por meio da água. "A situação é preocupante, com tendência de agravamento nos próximos anos", diz o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do RS (Seprorgs), Edgar Serrano.
Segundo ele, o problema não é maior no Brasil porque, normalmente, os equipamentos ultrapassados são doados ou entregues a organizações que promovem a reciclagem. Mas o ideal seria que os revendedores absorvessem o e-lixo quando da venda de novos computadores. "Certamente, dariam uma destinação adequada a esses resíduos", assinala. Serrano defende a necessidade de a sociedade se mobilizar no sentido de obrigar a indústria a criar um processo de reciclagem dos "ditos equipamentos inservíveis".
"Por sorte, ainda não encontramos computadores atirados nas calçadas", destaca. Afora o problema envolvendo os computadores, outra preocupação diz respeito ao descarte anual de 3 mil toneladas de celulares e de 11 mil toneladas de baterias em locais inadequados.
Maiores produtores mundiais de e-lixo, EUA, Europa e Japão reciclam 30% dos produtos considerados inservíveis. O restante é exportado para países em desenvolvimento, como forma de estimular a inclusão digital. A iniciativa, além de evitar gastos com a reciclagem, representa um drible à Convenção de Basileia, que impede os países industrializados de exportar sucatas eletrônicas para a periferia econômica global.
A Agência Ambiental dos EUA avalia que o tratamento local do lixo produzido é dez vezes superior ao custo do envio dos itens tecnológicos obsoletos ao Brasil, ao México, à Coreia do Sul, à China, à Índia, à Malásia e ao Vietnã. "Se a opção for adquirir um novo computador para acompanhar os avanços da modernidade, o aconselhável é repassar o antigo a uma escola ou a uma instituição de caridade", diz Serrano. No RS há entidades que recebem computadores para reutilização, lembra ele.
DICAS PARA CONSUMIDORES
- É importante descobrir se o fabricante recolherá as peças usadas para reciclagem depois que o aparelho perder sua utilidade.
- Quanto mais eletrônicos adquirir, maior será o volume de e-lixo.
- Havendo necessidade de comprar um novo eletrônico, o aconselhável é doar o antigo.
- Antes de jogar aquele monitor estragado no lixo, entre em contato com a empresa (via Internet ou central de atendimento telefônico) e pergunte onde as peças são coletadas.
- Produtos multifuncionais consomem menos energia.
- O usuário de tecnologia deve ser adepto do consumo responsável, sabendo as consequências que seus bens causam ao ambiente.
- É importante comprar eletrônicos originais.
- Produtos de fabricantes que oferecem programas de preservação ambiental podem ser mais caros, mas a diferença de preço não é absurda.
- Na hora de comprar um eletrônico, opte pelo produto que consome menos energia.
(Por Luciamem Winck, Correio do Povo, 06/06/2010)