Na data reservada para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, pessoas engajadas na causa avaliam que não há muito que festejar. Para o coordenador do Programa Pobreza e Meio Ambiente da Amazônia (Poema), da Universidade Federal do Pará, Thomas Mitschein, não só o Pará, mas o mundo todo não tem o que celebrar. “Temos o efeito estufa, o desmatamento, a destruição das biodiversidades”, enumera.
Segundo ele, sem uma consciência ambiental não haverá solução para os problemas que a sociedade enfrenta. “Hoje o número de pessoas que se preocupa com a preservação do meio ambiente está aumentando e o cenário da cultura da destruição também, mas é preciso mais sensibilização”. Mitschein afirma que não basta a sociedade civil se mobilizar. É necessário que os governos também estejam organizados para dar sua contribuição.
O coordenador avalia que frear as tendências do desmatamento é um desafio para o Estado, principalmente no sul do Pará, onde a economia gira em torno da pecuária. Ele explica que embora o trabalho seja voltado para este setor, os pecuaristas não têm condições ou recursos para recuperar o pasto, então acabam desmatando outras áreas. “É preciso reduzir a destruição da biodiversidade amazônica e garantir que as florestas primárias sejam mantidas”. Dados da ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon) confirmam a preocupação, ao pontar que o Pará possui 240 mil quilômetros quadrados de área completamente desmatada.
O coordenador da ONG No Olhar, Marcos Wilson, que atua com trabalho de reciclagem em Belém, avalia que atualmente a questão ambiental é “política de pão e circo”, porque as ações realizadas para preservação e conscientização não conseguem ser sequer paliativas. “Para falar sobre meio ambiente, é preciso ação concreta”, ensina.
Wilson afirma que o Pará é o último em tudo, quando a questão é ambiental. “Somos últimos em reciclagem, últimos em coleta seletiva, em coleta hospitalar”. O coordenador afirma que é necessário o homem se sentir responsável pelo seu próprio lixo e se preocupar em reciclar, já que tudo pode ser considerado matéria-prima. “O problema é que as pessoas rotularam a matéria-prima de lixo. Só não deixar que esse resíduo vá para o lixão já é uma grande contribuição”.
Na contramão da opinião de Wilson e Mitschein, o secretário estadual de Meio Ambiente, Aníbal Picanço, diz que o Pará avançou nas questões ambientais, com novos modelos de desenvolvimento e manejo, colaborando na redução do desmatamento. “O desmatamento registrado este ano foi menor que no ano passado e no próximo ano a perspectiva é que seja ainda menor”. (Diário do Pará)
(Diário do Pará, 04/06/2010)