O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu nesta terça-feira iniciar uma investigação criminal para estabelecer as causas do vazamento de óleo no Golfo do México. "Temos uma obrigação de determinar o que deu errado", afirmou Obama em discurso no Rose Garden da Casa Branca. O presidente havia conversado com Bob Graham, ex-senador pela Florida, e William K. Reilly, ex-diretor da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Graham e Reilly foram nomeados para liderar a invetigação sobre as causas do desastre que teve início no dia 20 de abril.
"Se leis foram infringidas, levando à morte e destruição", disse Obama, "minha promessa solene é processar os responsáveis". O advogado-geral da União, Eric H. Holder Jr., deve se encontrar com advogados dos estados costeiros para discutir estratégias processuais com relação ao desastre. Vários senadores também pediram ao Departamento de Justiça para determinar se leis foram infringidas.
A elevação do tom e a ameaça de ação legal refletem a frustração do governo com a incapacidade da petrolífera BP em conter o derrame. A empresa é a responsável pelas operações do poço. Obama disse que somente após uma investigação completa do acidente ele irá permitir qualquer expansão ou continuação nas operações de prospecção em águas profundas nos EUA.
Na terça-feira, a BP iniciou uma operação que consiste em serrar o tubo danificado por onde vaza o óleo. Depois disso, a empresa pretende colocar um domo sobre o local e, em seguida, pretende bombear o óleo para um navio-tanque na superfície.
Acidente da BP leva empresas a recalcular despesas com segurança
Por conta do acidente da British Petroleum (BP) no Golfo do México, o custo de extração do barril de petróleo no mercado brasileiro tem folga para continuar a triplicar até 2013, segundo o consultor do Ipea e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Helder Queiroz. Ele fez o comentário ao ser questionado sobre a continuidade do avanço no custo de extração do petróleo brasileiro - que saltou de US$ 3,42 por barril para US$ 10,42 por barril de 2003 para 2008, de acordo com o Ipea. "Se eu fosse questionado sobre isso, sobre essa continuidade, há um mês e meio, eu diria que não, isso não vai continuar com o mesmo ritmo que ocorreu (entre 2003 e 2008). Mas hoje, tudo mudou por conta do acidente da BP", afirmou.
Ele explicou que, no momento, todas as empresas de petróleo no mundo estão refazendo cálculos de custos de exploração e produção de petróleo. Isso porque o acidente no Golfo do México acendeu um sinal de alerta entre as companhias do setor quanto aos custos de segurança da extração do petróleo.
Custos de extração de petróleo triplicam, diz Ipea
Aumento reflete escassez e expansão da fronteira petrolífera
Os custos de extração do petróleo no País triplicaram em cinco anos. É o que revelou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que apresentou na terça-feira, no Rio de Janeiro, o estudo Perspectivas de Desenvolvimento do Setor de Petróleo e Gás no Brasil. Segundo o instituto, do terceiro trimestre de 2003 para o terceiro trimestre de 2008, o custo de extração saltou de US$ 3,42 para US$ 10,42 por barril. De acordo com o levantamento, o aumento reflete não somente um cenário de escassez mundial de equipamentos e serviços, como também a expansão da fronteira petrolífera em direção a áreas mais inóspitas - no caso brasileiro, a exploração offshore em profundidades cada vez maiores.
O Ipea avalia que, para dar conta dos custos elevados, será necessário "um imenso esforço de inovações tecnológicas, para maximizar o petróleo e o gás natural a serem produzidos", além de ênfase aos aspectos institucionais, políticos e regulatórios, visto que, com a fronteira de exploração e de produção do pré-sal, houve uma mudança radical nas condições de contorno da indústria brasileira do petróleo.
Na prática, para os pesquisadores do instituto, as descobertas recentes do pré-sal irão demandar a reorientação das diretrizes de política energética no Brasil. Entretanto, se houver esgotamento precoce das reservas pode ocorrer perda de competitividade, bem como atrofia dos demais setores econômicos, de acordo com o instituto.
As projeções de longo prazo do Ipea apontam que a produção de petróleo da Petrobras deve alcançar em torno de 3,9 milhões de barris/dia em 2020, sendo 46% do total desta produção originada do pré-sal. O instituto estima que, para o desenvolvimento da produção nacional de petróleo, serão necessários cerca de US$ 82,5 bilhões para o pré-sal no período de 2014 a 2020.
De acordo com dados do levantamento, caso todos os entraves e desafios financeiros no setor de petróleo e gás fossem superados, bem como viabilizados os investimentos necessários para o setor, o País poderia chegar em 2020 com um excedente de 2 milhões de barris ao dia - considerando uma demanda estimada de 3 milhões de barris ao dia.
(JC-RS, 02/06/2010)