O aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico influenciou, em 2005, uma das maiores secas que já atingiu a Amazônia em todos os tempos. A conclusão é de uma pesquisa finalizada agora e coordenada por Luiz Antônio Cândido, especialista em meteorologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Realizado desde 2004, o "Estudo do potencial de previsibilidade climática para a Amazônia: influência da forçante oceânica e continental" avaliou de que forma o Atlântico e o Pacífico interferem no clima da floresta. E pretende, a partir disso, ter elementos que possibilitem prever novas influências ao clima antes que elas ocorram.
A hipótese de que a seca foi causada por um aquecimento anormal na parte equatorial do oceano Atlântico, mais próxima da Amazônia, foi confirmada na pesquisa. "Houve aquecimento anômalo no mar. A temperatura influencia a ocorrência de chuvas na região e, de um ano para outro, a quantidade de águas de chuva pode mudar", diz Cândido.
Segundo o estudo, condições anormais da temperatura no mar ocorriam pelo menos desde 2003. A partir do registro em tempo real das condições climáticas na região, os pesquisadores pretendem continuar a análise de dados para identificar padrões de comportamento na relação entre a temperatura dos oceanos e sua influência na Amazônia.
A pesquisa foi desenvolvida com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
(Globo Amazônia, 01/06/2010)