Um grupo de cientistas independentes e funcionários do governo americano afirmou nesta segunda (31) que o vazamento no golfo do México representa um desastre não só para a vida na superfície do mar mas também em suas profundezas, afetando desde gigantescas baleias cachalotes até o minúsculo plâncton.
Grupos de animais de marinhos emergem todas as noites de águas profundas para águas mais rasas para alimentar-se de outros peixes. Espécies que vivem próximo à superfície, como camarões e vermelhos, servem de alimento para muitos desses animais das profundezas. A presença de óleo tanto em águas rasas quanto em águas profundas pode alterar esse equilíbrio ecológico.
Além disso, algumas dessas espécies estão em sua época anual de procriação. Ovos expostos ao óleo tornam-se rapidamente inviáveis, e os animais que conseguirem nascer, poderão morrer de fome com a queda na quantidade de plâncton disponível.
"Todo peixe e invertebrado que entra em contato com o óleo está provavelmente morrendo", afirmou Prosanta Chakrabarty, biólogo de peixes da Universidade Estadual da Louisiana.
Em 2009, Chakrabarty descobriu duas novas espécies de peixes-morcego vivendo a cerca de 48 quilômetros da costa da Louisiana, próximo à região região onde a plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou no dia 24 de abril.
É possível que, quando o artigo científico de Chakrabarty descrevendo a descoberta aparecer publicado na edição de agosto do "Journal of Fish Biology", as duas espécies estejam seriamente ameaçadas ou até extintas.
Segundo pesquisadores, pelo menos duas grandes colunas de óleo foram encontradas a centenas de metros abaixo da superfície, abrangendo uma área de quilômetros.
Executivos da petrolífera BP, no entanto, negam o espalhamento de óleo sob a superfície. O diretor-executivo da BP, Tony Hayward, disse que o óleo naturalmente sobe à superfície e que qualquer óleo encontrado nas profundezas encontra-se em seu curso para a superfície.
(Folha Online, 01/06/2010)