Documentos internos da BP mostram que existiam problemas sérios na plataforma Deepwater Horizon, que explodiu, e que preocupações com segurança eram um tema constante.
Além disso, a agência federal responsável por fiscalizar a empresa permitiu que ela utilizasse materiais que não tinham sido testados como deveriam.
Em junho de 2009, por exemplo, os engenheiros da empresa se diziam preocupados com o material metálico utilizado para revestir a estrutura no fundo do mar. Ele precisa ser resistente pois a pressão do local é muito alta.
Um deles, Mark Hafle, dizia, em relatório interno, que o material poderia não aguentar e se partir. "Certamente esse seria um cenário pessimista", escreveu. "De qualquer forma, eu já vi isso acontecer antes."
A BP, porém, foi em frente com o material, apesar de ele violar as políticas de segurança e engenharia que a empresa segue. Os relatórios não explicam, porém, o motivo da exceção.
Além disso, em pelo menos três ocasiões, os registros mostram que o "blowout preventer", a válvula do poço que deveria ter impedido o vazamento após a explosão, não funcionava bem.
Após informar isso ao Serviço de Administração Mineral dos EUA, que serve de agência reguladora da exploração de petróleo no país, a empresa pediu para adiar os testes obrigatórios com a válvula, que o governo americano exige que se faça a cada dois meses. Eles achavam que ela não seria aprovada.
Primeiro, o pedido foi rejeitado. Mas a BP insistiu e então se permitiu que o "blowout preventer" fosse testado a uma pressão 35% menor do que a utilizada normalmente. Ela, então, passou nos testes.
OUTRO LADO
A fabricante da válvula, a empresa Cameron, não quis comentar se testar o seu produto a uma pressão mais baixa do que a normalmente usada era apropriado. Já a BP afirmou que seria "prematuro" comentar os relatórios.
(New York Times, Folha Online, 31/05/2010)