Neste final de ciclo da vida humana em Gaia, nós vamos nos defrontar com bizarrices atrás de bizarrices em todos os sentidos possíveis; e nem assim a ficha da maioria dos normais vai cair; vão mostrar o muque ao afrontar seus iguais; usar e abusar das desculpas e justificativas para sua falta de competência.
Vendo e lendo na Net ontem a respeito do garotinho pé na cova, futuro defuntinho, Aldi Suganda Rizal (na foto com familiares); menino de dois anos, de Sekayu, distrito de Sumatra, na Indonésia, de acordo com sua família fuma cerca de quarenta cigarros por dia, desde os dezoito meses e fica furioso quando não fuma. Pela foto, gordinho e com este hábito tabagista precoce; certamente morrerá antes de completar cinco anos. Nem era preciso essa aberração, seu biótipo já o condenava, conforme vem apregoando a OMS: as crianças e os jovens de hoje tendem a viver muito menos que seus “estúpidos” (versão nossa) pais.
Eu mesmo atendo a várias crianças defuntinhas pela falta de competência dos pais, professores, educadores em geral; apenas pelo vício da comida, sedentarismo e lavagem cerebral via TV. Hoje a maioria das crianças está á mercê dos quatro pozinhos brancos: sal, açúcar, farinha de trigo e cocaína – a cocaína é a menos perigosa (cara e menos acessível); já as outras 3 aniquilarão com boa parte da futura juventude: diabetes; obesidade mórbida; CA; AVC; IM (as pessoas normais adoram siglas) – claro que sempre podemos contar com os craks da vez para acelerar o processo…
Pensar dói?
Diz o bom senso que aprender com os erros dos outros dói menos. Somos seres teoricamente inteligentes; mas, na prática não é bem o que vemos. Exemplo: milhões e milhões de pessoas já comprovaram que o vício do fumo causa câncer de pulmão, laringe, boca; enfisema pulmonar e contribui para outros tipos de tumores; AVC; enfarte, etc. – No entanto, a cada dia aumenta no mundo o número de São Tomé que desejam comprovar se é verdade; depois ficamos todos no prejuízo – a própria pessoa, família, sociedade.
Lendo reportagem do Diário Da Região (SJRP – SP) a respeito do gasto de R$ 4 milhões que o SUS teve com as 6.200 internações de pacientes com doença pulmonar provocada pelo cigarro, nos últimos dez anos na cidade de São José Do Rio Preto (SP). Claro que o custo foi muito maior, pois foram computadas apenas as doenças pulmonares e das vias respiratórias; ficando de fora os problemas cardiovasculares e outros; onde o tabaco tem papel importante como agente de causa.
Fica a pergunta no ar: Por que o vício do tabaco tem aumentado tanto, apesar das campanhas anti-fumo?
Ao longo da conversa ficará mais claro que não se trata apenas de um jogo financeiro, entre a arrecadação gerada para os governos oportunistas e o lucro das multinacionais do tabaco – onde o fumante e a sociedade são as cobaias do marketing. Envolve falta de educação em todos os sentidos; pobreza de raciocínio crítico; desconhecimento do porque e para que nós vivemos; e que gera falta de responsabilidade sobre a própria vida.
Por que e como se institui a atitude de fumar ou vício do uso do tabaco?
Antes vejamos o que é vício
Segundo a Wikipédia: “Vício (do latim “vitium”, que significa “falha ou defeito” [1]) é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. O termo também é utilizado de forma amena, muitas vezes deixando um índice de sua acepção completa. Por exemplo, viciado em chocolate.
Seu oposto é a virtude”.
Para que uma atitude se torne um vício é preciso que haja algum tipo de dependência e conseqüente prejuízo mensurado. Podemos considerar o vício uma doença e a virtude um estado de sanidade.
Não é fora de propósito dizer que a sociedade atual é doentia; e a maioria dos normais deve deixar o planeta em breve; pois, quem não é dependente químico de uso de remédios (quem toma remédios de uso contínuo é o que?); é viciado em drogas ilícitas; bebida; cigarro; comida; estresse; mentiras…
Focando: De que forma somos induzidos ao uso do tabaco? Hábitos e atitudes são modos aprendidos de ajustamento e de compensação: Pula totó!
Atitudes são hábitos complexos. E o desenvolvimento desses hábitos obedece a princípios fixos de aprendizagem, como tempo e esforço que dependem, por sua vez, da vontade pessoal ou da falta dela.
Os hábitos e as atitudes são aprendidos, basicamente, de três formas: associação/transferência/satisfação de necessidades.
Aprendemos também a interpretar sentimentos; tendências reativas; a temer coisas desagradáveis e a gostar de acontecimentos agradáveis. Já ouvimos a seguinte verdade para os seres medíocres da atualidade: “Se droga fosse ruim; ninguém usaria”…
Nossas atitudes mais básicas são aprendidas na infância:
Através da transferência, aprendemos principalmente os componentes do sistema pensamento/crença com outras pessoas, de modo igual àquele em que aprendemos o significado de conceitos, através da instrução.
No caso do vício do fumo, filhos de fumantes têm maior possibilidade de se viciarem – até, através da exposição passiva á nicotina.
Conforme colocamos no início: Vi hoje na Net uma cena escabrosa: um bebê que fuma 40 cigarros ao dia. Levando-se em conta que a maioria dos adultos de hoje tem comportamento psicológico de crianças de 2 a 5 anos no máximo; essa prematuridade não é tão escandalosa assim.
Indução pela mídia e pressão de grupo
Hoje, devido ao poder da mídia, acentua-se a polaridade credulidade (adaptação); e uma cruel atrofia do raciocínio crítico que leva ao bom senso derivado da capacidade de discernir.
Em nome do dinheiro, pessoas top em evidência tornam-se verdadeiros carrascos da qualidade de vida de milhões de pessoas; uma vez que também adquirimos nossos pensamentos e crenças através de pessoas importantes em nosso mundo social; que transferem seus pensamentos e crenças para nós, já prontos, encomendados sob medida do marketing.
É preciso cuidado com os exterminadores de mentes críticas; pois através da comunicação social recebemos apelos de transferências. Por outro lado, por essa mesma lei, também transferimos nossas próprias crenças aos outros. Tudo por dinheiro e poder!
Por que é tão difícil eliminar o vício do tabaco? A dependência da nicotina é uma das causas. Trata-se de uma das drogas mais potentes em causar dependência – embora o cigarro seja uma mixórdia de drogas. A síndrome de abstinência envolve insônia, irritabilidade, depressão, ansiedade mórbida.
Deixar de fumar ou abandonar qualquer vício envolve mudança de atitudes:
O melhor método de deixar de fumar é nunca começar; pois, por tenderem a se repetir, as atitudes viciosas não são modificadas ou substituídas com a mesma facilidade com que são aprendidas e, as tentativas para modificá-las, por mais bem planejadas que sejam; só conseguem, muitas vezes, alterar o componente pensamento-crença sem afetar sentimentos e tendências reativas. Mesmo pressionados pelo câncer, num encosto de parede tipo: ou larga o vício ou morre; a cobaia fuma escondido no hospital.
Mudança de atitudes é um tipo de treinamento e, como todo treinamento, é uma equação matemática: prática é igual, ao conhecimento multiplicado pelo trabalho, dividido pelo tempo.
Somos estúpidos malucos; pois, ao invés de educar; sempre caímos no reeducar.
Para que reeducar; se é mais fácil e simples educar direito?
Seja na arte de viver, seja até na penalização social; gastam-se fortuna de bens públicos com reeducação social nas penitenciárias e cadeias; assim como nos hospitais. Qual a diferença entre um doente fumante canceroso e um traficante apenado? – Muito e quase nada.
Claro que sem os malucos da vida muita gente estaria sem ter o que fazer.
O que se busca hoje na mudança de atitudes viciosas?
“Modernas” pesquisas têm mostrado que a mudança de atitudes é mais eficaz; quando estimulada por discussões em grupo e contactos face a face; do que através de conferências impessoais; e que a personalidade daqueles que fazem os contactos pessoais também fixam os limites; pois o indivíduo que aprende é atraído por um professor e deseja ser como ele. Nesse caso, podemos dizer do alto de nossa cátedra: Fui um fumante como vocês; e consegui largar o vício! – Seja um herói como eu!
Nessa masturbação de interesses; sempre cabe a célebre frase popular: “Melhor ser um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo”. Será?
Outro dado essencial, é que as pessoas alteram suas atitudes, apenas quando se torna óbvio alguma incoerência sobre as mesmas. Mas, isso só funciona quando as pessoas ao menos pensam – o que não é o caso da sociedade de embalo da atualidade.
Um laureado ser pensante oriundo do reino das cobaias descobriu que pensar não dói: Daí, ele inventou uma estratégia para modificar atitudes; e outras estão sendo investigadas e comparadas. Dentre elas, um novo e prometedor critério destaca o desejo das pessoas de serem coerentes em seus pensamentos e sentimentos – Aleluia! – a humanidade está salva.
Usando cobaias voluntárias e assumidas, os experimentadores descobriram que, quando um componente de atitude é experimentalmente modificado, os outros sofrem um realinhamento coerente e, também há indícios de que as pessoas mudarão suas próprias atitudes até sem se dar conta disso. Quando as incoerências lógicas em suas crenças e sentimentos são levadas à atenção delas, propiciam, numa segunda fase, a reciclagem ativa – Uau!
Redescobrir a roda, sob novo rótulo sempre deu status e dinheiro para alguns poucos. Apenas querer não é poder.
As atitudes são resistentes às mudanças, quando:
São aprendidas no início da vida. Automatizadas por associação ou por transferência. Incorporaram-se por ajudarem a satisfazer necessidades, ou já estão integradas na personalidade e no estilo de comportamento do indivíduo.
Muitos focos e desdobramentos podem ser retirados dessa imagem do garoto fortinho brincando na sua motinha e viciado por sua família.
Muitas formas de abordagem desse problema; nós já fizemos nos artigos publicados e á disposição dos leitores. Finalizamos nosso monólogo com uma colocação do eterno Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
“Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Fernando Pessoa.
Navegar nas lides da mente que reflete, escolhe e re-escolhe é preciso; quem não quiser navegar no viver com dignidade que abandone o barco e nade para mundos nunca dantes navegados…
Um simples aceno.
Tchau!
(Por Américo Canhoto*, EcoDebate, 31/05/2010)
*Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.