O desmatamento às margens dos rios muda paisagens e soma prejuízos para a natureza. Em muitos lugares, a mata nativa já não existe mais, consumida por lavouras, residências e outras obras provenientes da atrocidade humana. Preocupados com a situação do Rio Jacuí e conscientes de seu papel nos cuidados com o ambiente, veranistas criaram em 1997 a Associação de Moradores do Balneário Santa Vitória.
Conforme o ex-presidente Hélio Miguel Polisena, a entidade surgiu com o objetivo de ser um instrumento na preservação do balneário, que fica a dez quilômetros de Rio Pardo. Nesse contexto, dois anos depois começou o trabalho de reflorestamento na área, degradada principalmente por acampamentos. “As pessoas acampavam sem se preocupar com o impacto ambiental”, conta. Atualmente, são cerca de 600 metros de área preservada às margens do Rio Jacuí, além do trabalho feito no contorno da lagoa Nossa Senhora da Vitória.
Preocupados e determinados em fazer com que o balneário voltasse a ser como era antes – com mata ciliar nativa e preservada –, os moradores passaram a plantar árvores com o apoio de empresas e entidades engajadas à causa. Ao longo dos anos, foram cultivadas 3.775 unidades de ingazeiro, camboatá, pitangueira, corticeira e araçá, dentre outras espécies.
Hoje, o retrato do Balneário Santa Vitória está diferente. “São dez anos de muitos cuidados”, resume Polisena. Segundo destaca, para permitir que as árvores crescessem frondosas e sem a interferência humana a associação precisou construir cercas de contenção no início do plantio. “O objetivo era evitar que os carros estacionassem em cima das mudas.” Tanta preocupação rendeu frutos e, depois de mais de dez anos de mobilização, o local está repleto de verde e cheio de vida.
TURISMO
Conforme Polisena, agora os visitantes já têm mais consciência sobre a importância de preservar o balneário, especialmente por saberem que diversos moradores se engajaram no reflorestamento. Por causa da sua beleza natural, hoje o local é considerado ponto turístico do município de Rio Pardo e atrai pessoas de diversas partes do Rio Grande do Sul e até de outros estados.
O morador destaca que a consciência de todos precisa ser renovada diariamente em favor do ambiente. “Muitas vezes o trabalho não é fácil, mas rende belos resultados”, diz. Satisfeitos com a vida que ressurge por intermédio das árvores, Polisena e a esposa Eloísa vão praticamente todos os fins de semana ao local. A esperança agora é que autoridades e visitantes continuem preservando para que Balneário Santa Vitória permaneça verde e frondoso para as futuras gerações.
(Gazeta do Sul, 31/05/2010)