Equipamentos que representam o sistema de abastecimento de uma cidade, da captação à torneira do consumidor, prometem ajudar a estancar o gigantesco desperdício de água no trajeto e, ao mesmo tempo, buscar soluções para diminuir o consumo de energia.
Com um investimento de R$ 1,17 milhão, o Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica (LENHS) foi inaugurado na primeira quinzena do mês, no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS), com a missão de tornar mais eficientes as empresas de saneamento.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes a 2008, mostram que, em média, 37,4% da água captada pelas companhias do setor é desperdiçada por defeitos e vazamentos, o que se traduz em perdas de receita e na possibilidade de atender um número menor de pessoas. Ao mesmo tempo, estima-se que as empresas de saneamento absorvam até 3% da energia consumida no Brasil, sendo 90% utilizada nas máquinas de bombeamento.
– A energia elétrica é o segundo maior custo das empresas de saneamento, atrás apenas dos salários – aponta Djamil de Holanda Barbosa, da diretoria de tecnologia da Eletrobras, empresa que apoiou financeiramente a instalação do laboratório na UFGRS e de outros cinco semelhantes espalhados pelo país.
No LENHS, será possível pesquisar e desenvolver processos e tecnologia para aperfeiçoar as redes, além de formar mão de obra para o setor de saneamento, considerada escassa.
– Aqui temos todos os componentes de um sistema de abastecimento de uma cidade e podemos simular todos os fenômenos que ocorrem. É possível ainda medir o uso de energia e controlar a vazão – explica o coordenador do laboratório, Marcelo Giulian Marques, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFGRS.
Como no país predominam redes antigas e mal construídas, em muitos casos, a saída é a substituição dos equipamentos, diz Barbosa. Apesar de alto, o investimento que as companhias de saneamento precisam fazer dá retorno em um período de um ano e meio a três anos, estima.
Projeções do Ministério das Cidades indicam ser necessário um aporte de R$ 178 bilhões até 2020 para atender toda a população brasileira com serviços de água e esgoto.
A Eletrobras já investiu cerca de R$ 10 milhões nos seis laboratórios. Além de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, João Pessoa, Belém e Campo Grande têm instalações semelhantes em funcionamento.
O QUE TEM LÁ
O laboratório da Eletrobras inclui itens como:
> Captação, onde a companhia de saneamento retira a água para o abastecimento
> As bombas nas casas de máquinas, que movem a água para ser distribuída pela cidade ou para o reservatório superior
> As tubulações adutoras, que são os condutos que transportam a água, situadas próximo à fonte de captação
> Linhas de distribuição, que representam a rede nos quarteirões das cidades
> Torneiras ao final do circuito, que simulam o consumidor final
(Por Caio Cigana, Zero Hora, 31/05/2010)