Tentativa de estancar óleo no Golfo fracassou, e Obama definiu caso como enfurecedor e doloroso
O vazamento de óleo no Golfo do México é considerado o mais grave desastre ecológico da história americana, e há um temor de que a temporada de furacões, a se iniciar amanhã, com os fortes ventos característicos dessa época, agrave a situação. O dramático quadro acima já é oficial. Foi pintado, sob cada vez mais intensos protestos populares, pelas próprias autoridades americanas.
– É, possivelmente, o pior desastre ecológico da história dos Estados Unidos – reconheceu ontem, com todas as letras, Carol Browner, conselheira do presidente americano Barack Obama para temas ambientais, referindo-se ao vazamento de petróleo resultante do desabamento de uma plataforma no Golfo do México, na madrugada do dia 21 de abril, com a morte de 11 trabalhadores.
O presidente americano tem sido acossado pelos críticos, que definem o desastre como o “Katrina de Obama”, em referência ao furacão Katrina, o qual, em 2005, matou cerca de 1,5 mil pessoas em quatro Estados americanos, principalmente na Louisiana, e causou danos de mais de US$ 80 bilhões (R$ 144,8 bilhões). Na ocasião, o episódio serviu de discurso para a oposição contra o então presidente americano, George W. Bush.
No sábado, a British Petroleum (BP), empresa responsável pela plataforma de onde vazou o óleo no Golfo do México, reconheceu ter falhado na tentativa de contenção a partir de uma técnica denominada “top kill”.
O chefe de operações da BP, Doug Suttles, informou o fracasso da manobra, que vinha lançando grande quantidade de um fluido de alta densidade (híbrido de lama com cimento) no local do vazamento desde quarta-feira. A estratégia nunca havia sido testada em profundidade tão grande quanto a do poço no Golfo do México (1,5 mil metros).
– É tão enfurecedor quanto doloroso – reagiu Obama, quando soube do fracasso da tentativa.
Novo plano de contenção terá submarinos robôs
O vazamento já despejou, em 40 dias, entre 444 mil e 703 mil barris de petróleo no oceano – em 1989, o pior desastre ambiental até hoje, do petroleiro Exxon Valdez, derramou estimados 240 mil barris de petróleo próximo ao Alasca. A BP disse que já está preparando o próximo procedimento na tentativa de conter o vazamento. O novo plano consiste no uso de submarinos robôs junto a uma válvula de contenção. A companhia estima que o procedimento leve quatro dias para ficar completo.
– Estamos confiantes que o trabalho vai funcionar, mas obviamente nós não podemos garantir o sucesso – disse Suttles sobre o novo plano.
Na sexta, Obama prometeu triplicar o efetivo que trabalha nas operações de contenção do vazamento, atualmente em mais de 20 mil civis e 1,4 mil membros da Guarda Nacional. Ao visitar a costa da Louisiana, local mais atingido pelo vazamento, comparou a situação a “um ataque” ao país.
(Zero Hora, 30/05/2010)