No próximo dia 31 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o Dia Mundial Sem Tabaco e alerta que há pelo menos 1 bilhão de fumantes em todo o planeta atualmente.
“O olho é uma das regiões mais atingidas pelo tabaco, tanto em fumantes ativos quanto em passivos. O risco de desenvolver catarata é duas vezes maior entre fumantes que entre não-fumantes. Existe também uma maior incidência de Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) em indivíduos fumantes, que chegam a desencadear a doença até 2,5 vezes mais. A DMRI leva a baixa acuidade visual (qualidade e quantidade de visão), muitas vezes irreversível”, alerta a especialista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Neuza Rios.
Tabaco – Segundo a OMS, o uso de tabaco é a segunda maior causa de mortes no mundo, atrás apenas de problemas cardiovasculares, sendo responsável pelo óbito de um a cada dez adultos no planeta. O consumo passivo do tabaco mata 600 mil pessoas por ano.
DRMI – A Degeneração Macular Relacionada à Idade atinge a mácula, que é a porção central da retina responsável pela visão detalhada e central. A DMRI é uma condição ocular ligada ao envelhecimento, que acomete ambos os olhos e sempre está associada a algum grau de perda visual.
Segundo Neuza, ”há duas formas de manifestação do DMRI: o tipo ‘seco’ e o tipo ‘exsudativa’. Cerca de 90% dos casos são do tipo seco, que é caracterizada pela formação de pequenos depósitos amarelados na retina, as chamadas "drusas", associadas a alteração do epitélio pigmentar, uma das camadas da retina. Os outros 10% se referem à forma mais rara de DMRI, a exsudativa, com aparecimento de vasos anormais na região macular.
Fumo e DMRI - Neuza Rios salienta que o uso do tabaco favorece a manifestação do tipo exsudativo de DMRI, pois “as toxinas presentes no tabaco aumentam o estresse oxidativo da retina e faz surgir novos vasos sanguíneos anormais sob a mácula. Esses vasos, por serem anormais, deixam extravasar líquidos que danificam a visão, dando a sensação de embaçamento central”, conta.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estimam que, além da idade e uso prolongado de tabaco, outros fatores de risco seriam o sexo (mulheres são mais afetadas), hereditariedade (entre 10% e 20% dos afetados tem histórico familiar da doença), pigmentação ocular (atinge mais indivíduos brancos de olhos azuis), hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, hipermetropia e nutrição.
Como é uma doença crônica, não tem cura e os danos causados são irreversíveis. O tratamento feito a base de injeções intraoculares de substâncias anti-angiogênicas, que inibem a proliferação vascular.
Multifatorial – Além da catarata e da DMRI, a exposição ou uso do tabaco a um médio e longo prazo pode causar olho seco, piora na tolerância ao uso de lentes de contato (o que aumenta o risco de úlceras corneanas), dificuldade para controlar conjuntivites alérgicas, além de poder aumentar a pressão intraocular, facilitando o surgimento e dificultando o controle do glaucoma. “Estudos recentes também relacionam uma maior incidência de estrabismo e hipermetropia em filhos de mães fumantes”, alerta Neuza.
Dia Mundial - No dia 31 de Maio de cada ano a OMS celebra Dia Mundial Sem Tabaco, salientando os riscos de saúde associados ao uso de tabaco e defendendo políticas eficazes para reduzir o consumo. O tema para o Dia Mundial Sem Tabaco 2010 é o gênero e fumo, com ênfase em marketing para as mulheres. A OMS quer chamar a atenção para os efeitos nocivos do marketing do tabaco e do fumo nas mulheres e meninas. A OMS criou o Dia Mundial Sem Tabaco em 1987 para chamar a atenção global à epidemia do tabaco e seus efeitos
(Por Teresa Cristina Machado, Segs, 30/05/2010)