Vencendo algumas resistências locais e nacionais, bem como um certo marasmo de alguns setores, o projeto do Oceanário Brasil está lançado. E vai avançando, com forte dedicação e muita persistência.
À minha frente, em seu gabinete na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o reitor, professor doutor João Carlos Brahm Cousin, oceanólogo e rio-grandino, vai aos poucos se entusiasmando, enquanto concede esta entrevista exclusiva à EcoAgência. Afinal, o projeto do Oceanário Brasil nasceu na sua gestão há quatro anos. E tem uma marca pessoal, de um administrador.competente e de um realizador que ainda encontra tempo para tocar grandes planos para o futuro imediato.
O que é , afinal, o Oceanário Brasil ? É um complexo educacional, científico, tecnológico e de desenvolvimento do turismo voltado não apenas para a cidade do Rio Grande e nosso Estado. Mas também representa um verdadeiro presente para todos os cidadãos e cidadãs brasileiros. E, por quê não?, para os nossos hermanos vizinhos de toda a América do Sul.
”As obras devem começar ainda neste ano. Certamente, no segundo semestre de 2010, a partir do mês de agosto. Com alguns detalhes a mais dos projetos executivos e detalhamentos, a FURG estará pronta para a execução da primeira fase das obras. Que representa a infra-estrutura de ruas e alamedas e os prédios das alas de exposição”, conta o reitor Cousin.
A projeção para a conclusão do Oceanário Brasil – se não totalmente, ao menos em boa parte - aponta para o final do ano de 2012. A União já repassou a imensa área – localizada entre oi centro do bairro-balneário do Cassino e os Molhes da Barra – e que fica atrás do cordão de dunas. A área complementar foi doada pela Prefeitura da Cidade do Rio Grande. Já há verbas federais garantidas para o projeto.
O reitor João Carlos Cousin assegura que todos os ecossistemas locais serão preservados. Afinal, diz , a área total representa 178 hectares. E todo o complexo ficará em torno de 47 mil metros quadrados, ou menos de cinco hectares.
Os prédios que serão erguidos: quatro alas temáticas e um corpo central, uma torre mirante, um teleférico, além de um cinema dotado do novo sistema 3D (três dimensões).
Um dos principais parceiros do projeto é o Ministério da Educação, dentro de seus programas de expansão das universidades públicas federais, como a FURG. O projeto também conta com o apoio da Petrobrás e do BNDES.
No final de 2009, o Oceanário Brasil foi lançado, após inúmeros contatos com a FEPAM-RS para conseguir o Termo de Referência das obras. Um pedido de Licenciamento Prévio, porém, esbarrou em questionamentos e pedidos de explicação por parte do Ministério Público Federal (MPF). Entre algumas idas e vindas, a FEPAM-RS, questionada, apresentou novas exigências para liberar a Licença Prévia. O que já foi providenciado pela FURG. Agora, a espera para tocar as obras está na reta final, diz, confiante, o reitor Cousin.
Uma Universidade pública engajada na defesa do meio ambiente
A FURG, destaca o reitor, sempre zelou pelo meio ambiente, não só na cidade do Rio Grande como em todas as outras áreas do Estado gaúcho onde atua. Há uma forte interação entre a FURG e a FEPAM-RS. Com freqüência, os técnicos da FEPAM-RS recorrem a estudos técnicos da Universidade.
Entre as inúmeras realizações da FURG relacionadas direta ou indiretamente às questões ambientais, está o Centro Integrado de Desenvolvimento Costeiro e Oceânico, o Cidec-Sul, sede de inúmeras atividades vinculadas às pesquisas no âmbito dos oceanos.
Por sinal, foi nas dependências do Citec-Sul da FURG que foram realizadas as principais atividades do recente 4º Congresso Brasileiro de Oceanografia. Aliás, as pesquisas e trabalhos científicos oceanográficos ocorrem na Universidade desde a década de 70 do século passado, com a participação de pesquisadores reconhecidos no mundo científico nacional e internacional.
Enfim, conclui o reitor Cousin: ”Para comemorar os seus 40 anos, a Universidade dará de presente à toda a sociedade brasileira um complexo científico, tecnológico, educacional, recreativo e turístico – que vai revelar os segredos do Oceano Atlântico, e sua intrínseca relação com as bacias hidrográficas brasileiras, expondo sua biodiversidade e sua beleza para os estudantes, pesquisadores, moradores do Rio Grande e turistas do Brasil e dos países da América Latina”.
Deve-se destacar que um tema vital e de importância para o Oceanário Brasil será a sustentabilidade. Os visitantes poderão conhecer diversas tecnologias usadas para reduzir o impacto ambiental – tais como a captação e o uso das águas das chuvas, a utilização de energias renováveis, além da gestão dos resíduos sólidos.
Projetos especiais de aqüicultura vão suprir parte da alimentação utilizada para alimentar as inúmeras espécies em seus aquários. Será, sem dúvida, um grande laboratório, aberto a todas as áreas de conhecimento, desde as crianças da pré-escola até os mestres e doutores nas áreas das ciências dos oceanos.
(Por Renato Gianuca, EcoAgência, 30/05/2010)