A Monsanto afirmou na quinta (27) que vai reestruturar seus produtos em um esforço para ajudar a combater a disseminação de ervas daninhas resistentes a herbicidas, também conhecidas como "super ervas daninhas", pelas quais muitos críticos culpam a empresa.
"Precisamos assumir a dianteira disso", disse o presidente da Monsanto, Hugh Grant, em uma teleconferência com analistas.
Grant reconhece que a resistência de ervas daninhas a herbicidas é um problema para os produtores de algodão dos EUA, e que começa a surgir como um grande problema para os produtores de soja. Mas afirmou que a questão ainda não é um grande problema para os produtores de milho.
A Monsanto é a empresa líder mundial em sementes e fornecedora do popular herbicida Roundup.
O desenvolvimento pela empresa de soja, milho e algodão transgênicos tolerantes a glifosato e seus esforços para que produtores usem seu Roundup à base de glifosato acelerou o uso de herbicidas e consequentemente a resistência das ervas daninhas a um nível perigoso para o meio ambiente, afirmam os críticos.
Especialistas estimam que as ervas daninhas resistentes ao glifosato infestaram cerca de 4,5 milhões de hectares até agora. Mais de 130 tipos de ervas daninhas desenvolveram algum nível de resistência a herbicidas em mais de 40 Estados norte-americanos, mais do que em qualquer outro país, de acordo com cientistas.
"É muito ruim que tenha levado esse tempo todo para a Monsanto falar seriamente sobre esse problema", disse Charles Benbrook, cientista do Organic Center, organização que promove a difusão da agricultura orgânica, e ex-diretor-executivo do conselho de agricultura da Academia Nacional de Ciências.
Grant disse que a Monsanto vai criar uma nova oferta de produto que combinará o Roundup com produtos químicos complementares para um novo regime de controle de ervas daninhas a um custo menor do que o que os produtores pagam hoje.
Autoridades da Monsanto disseram que atualmente um cotonicultor do sul dos EUA paga US$ 40 a US$ 60 dólares por acre (0,4 hectare) em medidas de controle, contra US$ 20 a US$ 25 dólares há alguns anos.
(Folha.com, 27/05/2010)