O parque eólico de Tramandaí ainda não saiu da horizontal, ou seja, está na fase da construção das estradas de acesso e de ligação entre as 31 torres de suporte dos aerogeradores com potência total de 70 MW.
Até agora nenhum megaguindaste chegou ao Jardim Atlântico, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Como aconteceu na implantação do parque eólico de Osório, cinco anos atrás, é mínima a movimentação de pessoas e máquinas nas proximidades das dunas entre Oásis do Sul e Jardim do Éden, dois bairros da zona sul de Tramandaí.
Na prática, ainda não começou para valer o desembolso de R$ 350 milhões pela dona da obra – a EDP Renováveis, controlada pela Eletricidade de Portugal, que entrou no Brasil em 1992, quando comprou a Escelsa, de Vitória.
Além de controlar a distribuidora Bandeirante, em São Paulo, a EDP é dona de alguns cataventos com potência de 13,8 MW em Santa Catarina.
O investimento no litoral norte gaúcho é uma parcela menor dos R$ 2 bilhões que a EDP promete aplicar em energia no Brasil até 2012.
Os principais fornecedores de equipamentos são os mesmos da usina de Osório. Toda a tecnologia, incluindo os aparelhos geradores, é da alemã Wobben Windpower.
As torres prémoldadas estão sendo construídas em Gravataí pela Woebcke, também contratada para fornecer outras 150 torres para a expansão de Osório e as novas usinas de Palmares do Sul (do mesmo controlador da usina osoriense) e Santana do Livramento, tocada pela Eletrosul.
A área de 832 hectares reservada para o parque eólico, junto à Lagoa da Custódia, está envolta em controvérsias, não apenas porque o projeto da usina foi embargado pela Fepam e pela Patram, mas porque esteve durante muito tempo sob controle da outrora próspera imobiliária Kury & Padilha, cujo sócio mais notório era Eliseu Padilha, ex-prefeito tramandaiense, ex-ministro dos Transportes e um dos principais dirigentes do PMDB gaúcho.
Fazendo uma ligação com o passado, muita gente afirma que Padilha seria o único dono da área. A informação é desmentida por um corretor imobiliário de Oásis do Sul.
Ele afirma que, a exemplo do parque eólico de Osório, os cataventos de Tramandaí pagarão arrendamento a diversos proprietários.
Praticamente deserta há 40 anos, quando foram iniciados os loteamentos de Nova Tramandaí, Oásis do Sul e Jardim do Éden, essa região tem hoje 390 comerciantes, seis mil moradores fixos e atrai 60 mil veranistas do Natal ao Carnaval.
(Por Geraldo Hasse, Jornal JA, 27/05/2010)