O Shopping Conjunto Nacional e a Rodoviária do Plano Piloto serão palcos de atividades, no sábado (29/05) e na próxima segunda-feira (31/05), respectivamente, para conscientizar a população do Distrito Federal em relação aos riscos do tabagismo. O evento acontecerá em diversas cidades brasileiras e é motivado pelo Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado no dia 31 de maio. O objetivo é combater o grande número de fumantes. Neste ano haverá um foco especial nas mulheres. De acordo com o coordenador do programa de controle ao tabagismo da Secretaria de Saúde, Celson Rodrigues, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já se deu conta que a indústria do tabaco está investindo mais nas mulheres e também de que elas têm mais dificuldades em largar o vício.

A primeira atividade acontece no Conjunto Nacional, no sábado, durante todo o dia. Profissionais de 87 empresas e 60 unidades de saúde destinadas ao tratamento para quem deseja parar de fumar estarão no local e distribuirão materiais informativos. Além disso, serão realizados exames para prevenir doenças provenientes do tabagismo. Na segunda-feira, a conscientização acontece das 08h às 13h na Rodoviária do Plano Piloto.

Além da distribuição de folders, as pessoas que passarem no local poderão medir o teor de monóxido de carbono no pulmão e ainda o comprometimento da reserva respiratório por um aparelho chamado peak flow, que significa em português, o pico do fluxo respiratório. Segundo Celson, o exame dá uma ideia do comprometimento respiratório do fumante. "Normalmente, a pessoa não tem como descobrir sem fazer o exame, até porque só dá para ser medido com precisão após 10 ou 15 anos de dependência", explica.

Uma boneca que fuma, conhecida como Altina, também fará parte da atividade. "Ela já é bastante conhecida pela população. Pela boneca é possível ver o processo que a fumaça faz no corpo da pessoa, como o monóxido que fica impregnado no pulmão", afirma.

Câncer de Boca
A doença também será foco de prevenção nas atividades. Uma unidade móvel de odontologia e quatro profissionais especialistas em estomotologia estarão no local. O objetivo é informar e examinar os fumantes sobre lesões na região bucal. "Muitas vezes a pessoa tem uma lesão embaixo da língua, mas não tem conhecimento. A nossa ideia é mostrar isso para o paciente", explica Celson. Ele ainda ressaltou que ao final do evento serão divulgados os números de casos detectados durante as atividades.

A mulher e o tabaco
Este ano, a OMS decidiu dar enfoque no crescente número de mulheres que aderem ao vício. Segundo o coordenador do programa contra tabagismo, a Organização se deu conta de que a indústria do tabaco está investindo mais nas mulheres. "A indústria colocou a disposição os narguilés e cigarros com sabores para as mulheres e a adesão é grande por causa do perfume, cheiro e sabor. Entretanto, o narguilé é uma arma perigosa e equivale a fumar dez cigarros. Já aqueles com sabores, são tão ruins quanto, apenas são disfarçados com o sabor, mas tem a mesma quantidade de nicotina, alcatrão e monóxido", explica.

"Mulher, você merece algo melhor do que o cigarro" é o slogan da campanha. De acordo com Celson Rodrigues, a preocupação também é maior em relação as mulheres porque elas tem mais complicações derivadas do tabagismo. "As mulheres têm maior facilidade em adquirir a dependência do que os homens e, com isso, mais dificuldade em parar. Elas também são mais prejudicadas tendo mais chances de doenças degenerativas, grande chande de infertilidade, osteoporose precoce e antecipação da menopausa", adverte.
 
Doença Pulmonar
As atividades da Secretaria de Saúde também vão alertar para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Dos 310 mil fumantes do Distrito Federal, cerca de 3 mil sofrem do mal. "A doença atinge cerca de 8 pessoas a cada 10 fumantes", completa Celson.

A doença é uma limitação do fluxo aéreo e faz com que o paciente termine a vida com oxigênio dependência, que a ausência de uma condição normal de respiração. "Ele fica dependente de uma bala de oxigênio e pode até parar de andar e realizar atividades normais", afirma.

De acordo com Celson Rodrigues, não há um diagnóstico claro da doença. "É aquela tosse pela manhã, o desinteresse pelo esporte, a dificuldade em subir uma escada".

(Correio Braziliense, 27/05/2010)