O Projeto Eldorado Celulose, que deverá lançar a pedra fundamental de construção da nova indústria, em Três Lagoas, na data de aniversário da Cidade, em 15 de junho, já possui plantadas 40 mil hectares de florestas de eucalipto, no Município e região.
A partir deste ano, a Florestal programa plantar mais 30 mil hectares de eucalipto por ano, para garantir o abastecimento da nova fábrica de celulose. A informação é do empresário Mário Celso Lopes, dono de milhares de hectares de terras, na região Centro-Oeste e presidente da Florestal Investimentos Florestais e da Eldorado Celulose.
O início da operação da nova indústria está previsto para 2013 e a estimativa de produção industrial de celulose é de 1,5 milhão de toneladas anual. O projeto inicial receberá R$ 4,8 bilhões de investimentos. Desse total, R$ 3 bilhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujo processo de negociação já está em andamento, e R$ 1 bilhão serão de fornecedores de equipamentos, que tradicionalmente participam desse tipo de projeto financeiro.
Mário Celso informou que já está “conversando com os principais fornecedores”, uma vez que o Projeto Eldorado recebeu a licença prévia e de instalação, restando apenas a de operação.
A entrada da Florestal no mercado de produção de celulose, segundo analistas econômicos, se deve aos preços em ascensão, perspectivas positivas para a demanda no mercado mundial e às condições climáticas favoráveis do Brasil para o plantio e desenvolvimento mais rápido do eucalipto, comparado com outros países.
Além da Fibria, que programa duplicar sua fabrica em Três Lagoas, o Projeto Eldorado estará concorrendo também com os grandes produtores de celulose no país, Suzano e Klabin.
PREÇOS
Em 2010, foram registrados seis aumentos no preço da celulose, devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda do produto para a fabricação de papel. A previsão é que o preço da tonelada de celulose pode chegar a US$ 1 mil, em 2011, atingindo o pico registrado em 1995. O preço terá tendência normal de queda, a partir de 2013 e 2014, quando os projetos da Eldorado, Fibria e Suzano iniciarem suas respectivas perspectivas de produção de celulose no Brasil, já anunciadas.
MONOCULTURA
Em Três Lagoas e Região, a exemplo do que vem ocorrendo, principalmente na região Noroeste do estado de São Paulo com o plantio de cana-de-açúcar para a produção de álcool, grandes e médias propriedades rurais, estão sendo tomadas pela monocultura do eucalipto.
A mudança, apesar de seriamente criticada pelos ambientalistas, é irreversível, não só do ponto de vista econômico, mas pela redução anual e gradativa de pessoal especializado e disponível para a continuidade de negócios da pecuária. A falta de incentivos à pecuária e à agricultura, nos últimos anos, e a baixa nos preços da arroba do boi, também têm sido apontados como causas principais da crescente entrada de agricultores e pecuaristas na cadeia de produção do eucalipto.
A verdade é que a criação de gado de corte e outras produções agrícolas estão sendo substituídas pelo atrativo da perspectiva da expansão da indústria de celulose, que tem pressa em arrendar e até comprar o máximo de terras que conseguem “e o mais rápido possível”, conforme comentou o empresário Mário Celso.
Infelizmente, ainda são raros na nossa Região, projetos de introdução do plantio de eucalipto em meio a outras culturas, a chamada agrossilvicultura, o que seria ideal para não prejudicar a cadeia de produção alimentícia, fato também já alertado por economistas e ambientalistas. Do contrário, será inevitável a indesejada alta dos preços da carne e hortifrutigranjeiros, devido ao desnível da oferta e da procura, que se tornará, a cada ano, mais marcante.
Exemplos, apesar de bem raros, do cultivo de melancia, soja, milho, arroz, produção de mel e, no caso da região de Três Lagoas, a criação de gado, em meio a plantações de eucalipto, já existem no Brasil.
“A proporção ainda é pequena, mas a tendência é de crescimento, uma vez que representa uma fonte adicional de receita”, comentou o consultor Celso Foelkel, um dos principais especialistas dessa área. Segundo ele, as próprias indústrias de produção de celulose poderão partir, em alguns momentos, para outras culturas, como nova fonte de receita de suas terras, em meio às plantações de eucalipto.
Como exemplo, já em execução, a Fibria desenvolve projeto de apicultura e produção de mel, em meio a determinadas áreas de plantações de eucalipto.
(Por Carlos Alberto, JPTL, 27/05/2010)