Dos mais de quatro milhões de hectares de mata atlântica originais existentes no Espírito Santo, apenas 507 mil hectares ainda resistem. A informação está no Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado, nesta quarta-feira (26), pela ONG SOS Mata Atlântica. Segundo o levantamento, que é parcial, a taxa de desmatamento no Estado só não é maior porque, dos 78 municípios, apenas 17 foram avaliados.
Segundo o Atlas, tanto a floresta quanto a restinga e o manguezal continuam desaparecendo no Estado, tendo como líderes da degradação os municípios de Vitória e Alfredo Chaves, seguidos de Colatina, Domingos Martins, Muniz Freire e Muqui.
Ao todo, o levantamento apontou desflorestamento nos 17 municípios analisados. São eles: Vitória, Alfredo Chaves, Colatina, Domingos Martins, Muniz Freire, Muqui, Conceição do Castelo, Mimoso do Sul, Atílio Vivacqua, Marechal Floriano, Ibitirama, Vila Velha, Castelo, Boa Esperança, Santa Leopoldina, Ibatiba e Afonso Cláudio (listado como o que menos desmatou).
Apenas esses 17 municípios foram responsáveis pela destruição de 160 hectares de remanescentes da mata atlântica no Espírito Santo. A presença do município de Alfredo Chaves no topo da lista do desmatamento, inclusive, gerou surpresa entre os ambientalistas. Isto porque a região estava entre as áreas com as maiores áreas de cobertura vegetal nativa do Estado.
Por se tratar de um laudo parcial da ONG, ambientalistas lembram que a degradação é maior, se avaliados os 61 municípios capixabas restantes, o que, segundo eles, merece a atenção das autoridades.
Segundo a SOS Mata Atlântica, os dados, avaliados no período de 2008-2010, mostram que o desmatamento na floresta nativa continua, e é preciso que as políticas públicas que incentivam a conservação e a fiscalização atuem de maneira mais efetiva para garantir a manutenção da floresta e, por consequência, dos serviços ambientais para milhões de pessoas que dependem de seus recursos naturais.
A informação é que se os 61 municípios que não foram analisados pela ONG desmataram, proporcionalmente aos 17 municípios avaliados, cerca de 640 hectares de mata atlântica de 2008 a 2010.
Além do Espírito Santo, mais oito estados foram analisados pela ONG. São eles Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, totalizando 94.912.769 hectares, ou seja, 72% da área total do bioma mata atlântica.
Dos nove estados analisados, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina foram os que mais desmataram no período. Os cinco municípios que mais perderam cobertura florestal nativa estão situados em Minas Gerais.
A realização do Atlas dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do bioma Mata Atlântica já foi realizado nos períodos de 1985-1990, 1990-1995, 1995-2000, 2000-2005, 2005-2008 e 2008/2010.
A mata atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo devido às constantes agressões e ameaças de destruição dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.
“Esta é uma questão de sobrevivência dos 112 milhões de habitantes do bioma. A relação da floresta com a nossa vida nas cidades é direta. Precisamos saber de onde vem e a qualidade da água que consumimos, o tamanho do lixo que produzimos e do nosso consumo de energia, pois toda a nossa atividade causa impacto direto sobre o ambiente”, alertou a ONG.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 27/05/2010)