Quer saber quanto os bancos investem em energia nuclear? Uma rede de organizações, inclusive o Greenpeace, lança hoje o site www.nuclearbanks.org, que detalha o envolvimento de 45 bancos comerciais no financiamento de projetos e companhias ligadas com o setor.
A energia nuclear coloca em risco a segurança das pessoas e da natureza e é desnecessária, uma vez que fontes renováveis, como eólica e solar, podem suprir a necessidade da sociedade. O investimento nesse campo é incompatível com qualquer operação dita sustentável, como uma série de bancos gosta de colocar em seus anúncios.
O nuclearbanks.org detalha 867 transações, que envolvem 124 bancos, cujo financiamento foi dirigido a mais de 70 companhias nucleares. Entre 2000 e 2009, essas instituições financeiras forneceram 175 bilhões de euro ao setor nuclear. A proposta do site é servir de plataforma para clientes e acionistas consultarem se seus bancos fazem jus às chancelas ambientais que pleiteiam.
Vinte projetos controversos já podem ser visitados na página. Entre eles, plantas de reatores na Índia, África do Sul, diversas na Europa e Angra III, no Brasil. Este, na mira de mira de bancos como o americano Citi, além dos franceses BNP Paribas e Societé Générale, tem financiamento do banco estatal brasileiro, BNDES.
Angra III é parte de um complexo de usinas nucleares situadas no litoral do Rio de Janeiro, na cidade de Angra dos Reis. Próximos das duas maiores cidades do país, Rio e São Paulo, um acidente na usina teria conseqüências desastrosas. “Projetos controversos, arriscados, desnecessários e onerosos como Angra III são empecilho para um caminho rumo à solução climática”, afirma André Amaral, Coordenador da Campanha Nuclear no Brasil.
Para Jan Beránek, representante da campanha no Greenpeace Internacional, investir em reatores é um desperdício de tempo: “Apesar de responder por um percentual mínimo das necessidades energéticas mundiais, a energia nuclear oferece enormes perigos ambientais, de saúde e segurança. Além disso, as emissões precisam ser reduzidas nos próximos dez anos e os reatores levam uma década, ou mais, apenas para serem construídos”, diz Beránek.
Encabeçam a lista dos bancos com mais projetos nucleares BNP Paribas (França), Barclays (Inglaterra), Citi (USA), Societé Generale (França), Crédit Agricole/Calyon (França), Royal Bank of Scotland (Inglaterra), Deutsche Bank (Alemanha), HSBC (Inglaterra/HongKong), JP Morgan (USA) e o Banco da China. Juntos, eles somaram 92 bilhões de euros de aporte à indústria nuclear entre 2000 e 2009.
(Greenpeace Brasil, 27/05/2010)