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vazamento de petróleo poluição marítima
2010-05-26 | Tatianaf

O professor doutor Luís Henrique de Figueiredo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, trouxe a Rio Grande uma grave preocupação. Durante as inúmeras palestras e seminários do 4º Congresso Brasileiro de Oceanografia, ele destacou que um derramamento de petróleo no litoral brasileiro semelhante ao que está ocorrendo no Golfo do México seria extremamente desastroso.

Segundo o especialista, o Brasil não conta com um Plano Nacional de Contingências, que seria indispensável para atender a desastres como o de agora, no litoral dos Estados do Sul dos EUA. Essa preocupação é uma questão bem atual, quando se leva em conta a futura exploração do petróleo na camada do pré-sal no litoral do Brasil.

”Não há, aqui no Brasil, uma organização capaz de responder a esse desastre”, salientou Figueiredo, que é PhD em Química Ambiental.. Para tentar conter o problema, mas até agora sem êxito, a British Petroleum (BP) e as autoridades ambientais norte-americanas instalaram barreiras de proteção, espalharam dispersantes químicos e, finalmente, atearam fogo na área do entorno do vasto derramamento de petróleo, que já atingiu os litorais e áreas de preservação do Sul dos EUA.

“Esta ação não é adequada, porque joga elementos altamente poluentes na atmosfera e pode causar mais danos ao meio ambiente marinho”, frisou o professor.

O coordenador do Curso de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), professor Luiz Carlos Krug, também o presidente do 4º Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizado em Rio Grande  de 17 a 22 de maio deste ano de 2010,  no campus Carreiros, lembra que os problemas ambientais estão ganhando, a cada ano, maior importância. “Essa demanda começou a exigir muitos profissionais, enquanto as leis ficaram mais rígidas e os estudos de impacto ambiental tornaram-se imprescindíveis para qualquer empreendimento”, disse.

É justamente um problema sério como o atual vazamento de petróleo no litoral dos Estados Unidos que é lembrado pelo professor Krug:

”O papel do oceanógrafo entra, agora, no estabelecimento de condicionantes que buscam reduzir o risco de desastres ambientais, como agora no Golfo do México. A função do profissional é justamente avaliar os riscos que possam acontecer e recomendar a tomada de precauções para evitar tais acidentes. Certamente, havendo algum desastre, caberá ao oceanógrafo a tarefa de ajudar a diminuir os inevitáveis impactos sobre o meio ambiente”, disse em seu gabinete na FURG o professor Krug ,  em entrevista exclusiva para a EcoAgência de Notícias Ambientais.
 
Lixo marinho entra na agenda dos cientistas
 Pela primeira vez, durante o 4º Congresso Brasileiro de Oceanografia, a grave questão do lixo marinho ganhou destaque. E lugar de relevo na agenda dos cientistas que estudam o ambiente dos oceanos. A pesquisadora Mônica F. da Costa, da Universidade Federal de Pernambuco, abriu o 1º Workshop no Brasil sobre Lixo Marinho com uma explanação sobre as ações de prevenção do descarte de resíduos sólidos nas águas dos oceanos. Ela lembrou que no começo esta temática não ganhava espaço nem mesmo entre os especialistas. Mas a problemática do lixo marinho foi aos poucos ganhando grandes proporções, afetando inevitavelmente a fauna e atividades econômicas como a pesca, que se tornou indispensável estudar o assunto com maior profundidade.

E, agora, uma boa notícia: no próximo dia 05 de Junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá, enfim!,  sancionar a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esta, ao menos, é a expectativa geral entre os grupos de pesquisadores brasileiros que se dedicam à temática do lixo marinho.

Confirmada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os cientistas dedicados aos temas do mar poderão partir para novos desafios. Como, por exemplo, a concretização de um plano nacional de contingências, capaz de prevenir durante a futura exploração das jazidas do pré-sal alguns   desastres semelhantes aos que agora assolam os litorais dos Estados Unidos.
 
No Golfo, pescadores doentes. E subornos sob investigação
 Pescadores do Estado da Louisiana, um dos mais afetados pela atual poluição do petróleo, estão doentes. Vômitos, fortes dores de cabeça e outros sintomas estão afetando os trabalhadores. Sem nenhuma  condição de pescar nas águas poluídas, perdendo renda e seu próprio meio de vida, eles foram contratados, quase que cooptados, pela companhia BP para ajudar nos esforços de limpeza, para tentar conter o desastre ambiental. E, neste esforço, ficaram doentes, ao respirar a quantidade enorme de material químico lançado nas águas.

Na rede norte-americana de televisão CNN, o apresentador e repórter Anderson Cooper revelou, na edição desta terça-feira, 25 de Maio, que inspetores federais dos EUA, responsáveis pela fiscalização das plataformas marítimas, aceitavam subornos como lautas refeições e ingressos caros para eventos esportivos das grandes empresas de petróleo que eles, os inspetores, deveriam fiscalizar.

Na localidade de Lake Charles, também na Louisiana, um inspetor federal, enquanto “fiscalizava” quatro plataformas marítimas, negociava para ele próprio um emprego na companhia petroleira. . Há na área do Golfo do México – destacou Anderson Cooper – uma espécie de cultura, onde a aceitação de presentinhos vindos das grandes empresas de gás e petróleo é amplamente considerada como “normal”.

O secretário do Interior dos EUA, Ken Salazar, mandou investigar possíveis falhas desses inspetores federais quanto ao cumprimento de normas técnicas e de segurança na plataforma da BP que afundou, após explodir, no último dia 20 de Abril, matando 11 operários e provocando o presente desastre ambiental, finaliza a CNN.
 
Derramamento de petróleo ainda sem controle
 Milhares de barris de petróleo continuam vazando, diariamente, nas águas do Golfo do México. É o pior desastre petrolífero da história dessa indústria. Os esforços dos técnicos da BP e das autoridades ambientais norte-americanas têm se revelado inúteis, até agora. É desastre comparável com Chernobyl.

Esta é a introdução de um artigo em “La Jornada”, divulgado, dia 25 de Maio, pela agência de notícias Carta Maior. O autor, jornalista Alejandro  Nadal, relata o problema, a partir da construção da plataforma Deepwater Horizon, no ano de 2001, nos estaleiros coreanos..

”Em setembro de 2009, a Deepwater Horizon perfurou o poço submarino mais profundo do mundo, com cerca de 10.700 metros, dos quais 1.200m correspondem à coluna de água”, relata Nadal. E acrescenta:

“Em poucas palavras, esta é a tecnologia mais avançada em matéria de perfuração em águas muito profundas”.

Esta última parte é a que mais preocupa os oceanógrafos brasileiros: uma exploração adequada da área nacional do pré-sal irá, certamente, exigir da Petrobrás e suas parceiras um alto investimento em tecnologia de ponta. Só assim, será possível acessar com segurança a imensa riqueza ali depositada, permitindo uma exploração do pré-sal limpa. E eqüitativa, para todos os brasileiros. Assim, nem de longe iremos  vivenciar os momentos de terror experimentados agora na devastada área do Golfo do México, EUA.
 
(Por Renato Gianuca, EcoAgência, 26/05/2010)


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