"Uns não aceitam a hidroeletricidade por uma questão de foro íntimo, outros por uma questão de geopolítica: por não considerarem a Amazônia como território brasileiro, eles não acham que o Brasil tem direito de explorar o potencial da região". Essa foi a resposta dada pelo ministro de Minas e Energia, Márcio Pereira Zimmermann, quando indagado pelo senador Jefferson Praia (PDT-AM) sobre o motivo dos protestos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
Durante reunião realizada pela subcomissão temporária criada para acompanhar a execução das obras da usina de Belo Monte, o ministro registrou que, cumprindo a legislação, várias audiências públicas foram feitas nos municípios próximos ao local da construção da hidrelétrica, e também na capital do Pará. Algumas delas, informou, reuniram mais de 5 mil pessoas. Zimmermann afirmou que o projeto foi amplamente discutido pela população.
O relator da subcomissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), que já foi ministro de Minas e Energia, reconheceu que o projeto da usina Belo Monte melhorou muito desde a sua versão inicial. Ele citou como exemplo a expressiva diminuição do tamanho do reservatório. Delcídio perguntou a Zimmermann se o orçamento da usina, R$ 19 bilhões, será cumprido. O ministro respondeu que o projeto ainda poderá ser racionalizado, o que implicaria em uma redução do valor total para um número próximo ou até mesmo inferior aos 19 bilhões.
O senador Augusto Botelho (PT-RR) defendeu a geração de energia por meio da construção de hidrelétricas e lembrou que enquanto usinas tem sua construção adiada, o Brasil continua queimando milhões de litros de óleo diesel para produzir eletricidade. Zimmermann registrou que o planejamento feito pelo Brasil prioriza as hidrelétricas e utiliza as outras fontes de energia como complemento.
Por sua vez, o presidente da subcomissão, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - que disponibilizou um link para a transmissão ao vivo da reunião na internet -, perguntou quantos quilômetros quadrados de floresta deverão ser inundados para a construção da usina de Belo Monte. Ele repassou uma pergunta que recebeu de um cidadão: "O gasto na obra não seria suficiente para investir em uma fonte de energia mais limpa, como a eólica?"
O ministro Márcio Zimmermann respondeu que nenhum quilômetro de floresta será inundado para que a usina de Belo Monte seja colocada em operação. Isto porque a usina será construída em uma área já ocupada pelo ser humano, sem a existência de mata nativa. Ele também disse que caso o Brasil optasse por construir várias pequenas usinas para gerar energia eólica, solar ou queimando biomassa seria obrigado a fazer um investimento muito maior - já que todas essas fontes de energia ainda são muito mais caras do que a hidroelétrica.
(Agência Senado, 25/05/2010)