O governo dos Estados Unidos ampliou nesta segunda-feira a pressão sobre a British Petroleum para resolver a "enorme bagunça ambiental" no Golfo do México, cinco semanas depois do início do vazamento em um poço de petróleo.
A empresa britânica, dona do poço, diz que está fazendo de tudo para tapar o vazamento, no que ameaça ser o pior derramamento de óleo da história dos Estados Unidos.
A BP disse que fará na quarta-feira uma nova tentativa de estancar o vazamento ao injetar fluidos pesados e, então, cimento para bloquear o fluxo de óleo, mas que as chances de sucesso são de 60% a 70%.
Desde o acidente, em 20 de abril, a BP já perdeu cerca de 25% do seu valor de mercado -- quase 50 bilhões de dólares. A gigante petrolífera prometeu destinar 500 milhões de dólares para estudar o impacto do vazamento.
O presidente norte-americano, Barack Obama, diz que a situação representa uma catástrofe ambiental sem precedentes para o país, já que ameaça manguezais e refúgios naturais na costa sul do país. Também há graves prejuízos para atividades econômicas, como a pesca e o turismo.
O secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, disse a jornalistas após visitar a região que "esta é uma bagunça da BP (...), uma enorme bagunça ambiental." Segundo ele, a empresa é juridicamente responsável por conter o vazamento, limpar seus efeitos e arcar com as consequências econômicas. "Vamos manter nossa bota no pescoço deles até que o trabalho seja feito", afirmou.
Salazar disse que uma investigação em andamento deve responsabilizar a BP "civilmente e de qualquer forma que seja necessária", o que sugere a possibilidade de um inquérito criminal.
O secretário havia alertado no domingo que a BP poderia ser afastada das tarefas de contenção do petróleo, mas fontes do governo admitiram que só as empresas de petróleo detêm a tecnologia para essa tarefa.
O almirante Thad Allen, chefe da equipe governamental de reação ao desastre, afirmou que a BP está esgotando todos os "meios técnicos possíveis" para conter o vazamento. "Tirar a BP do caminho despertaria a questão de substituí-los com o quê?", disse Allen na Casa Branca.
O acidente criou um problema político para Obama, já que muitos eleitores podem querer punir os democratas na eleição de novembro, mesmo que o partido não tenha responsabilidade pelo acidente.
Uma pesquisa CNN/Opinion Research Corporation, feita por telefone entre os dias 21 e 23, mostrou que 51 por cento dos norte-americanos estão descontentes com a forma como Obama tem lidado com o acidente.
(REUTERS, Folha.com, 25/05/2010)