O comportamento do mercado de celulose neste ano reforça a necessidade do investimento de ampliação da capacidade instalada da Celulose Riograndense, em Guaíba, que passará das atuais 450 mil toneladas por ano para 1,8 milhão. A avaliação é do presidente da empresa, pertencente ao grupo chileno CMPC, Walter Lídio Nunes.
Ao abalar as estruturas de produção no Chile, o terremoto ocorrido em fevereiro no país não apenas fez os preços da celulose no mercado internacional saltarem como reforçou a importância da unidade gaúcha para a CMPC. “Enquanto as fábricas do grupo no Chile foram afetadas, a fábrica gaúcha ficou produzindo. E a CMPC pôde direcionar sua produção daqui para atender ao compromisso com clientes preferenciais. Isso demonstrou que investir na planta de Guaíba é estrategicamente importante para o grupo, dá maior segurança para o negócio. Num momento de crise como o causado pelo terremoto, nossa fábrica foi a alternativa. Se desde o início já existia a convicção (da necessidade de expansão), isso ficou reforçado agora”, avalia Nunes.
Previsão é começar a operar em 2015, mas prazo pode ser antecipado
A CMPC adquiriu a unidade de Guaíba da Fíbria no final do ano passado. Em 2010, retomou os tratos florestais e o processo de plantio de novas florestas, que haviam sido suspensos em 2009 pelos antigos controladores devido à crise econômica. O valor a ser aplicado na ampliação da unidade, incluindo novos investimentos na base florestal, ainda está sendo recalculado. Como algumas medidas já haviam sido tomadas, o investimento deve consumir mais US$ 2 bilhões, aproximadamente, estima Nunes. O que segue indefinido é o início e o término nas obras. “Existe uma previsão de início de operações em 2015, mas isso pode ser antecipado ou postergado dependendo da demanda de papel e do mercado internacional. Porque um empreendimento como esse tem de entrar em produção em um momento de situação favorável no mercado. Se o cenário se mostrar otimista, a data (2015) pode até ser antecipada, mas quem vai definir isso é a macroeconomia”, justifica Nunes.
E o momento atual não poderia ser melhor. Após terem chegado próximo aos 50 dias entre o final de 2008 e início de 2009, auge da crise, os estoques mundiais de celulose ficaram em apenas 26 dias em março. Já o preço da tonelada, que chegou a cair para menos de US$ 500 em abril de 2009, hoje está em torno de US$ 900. Representante da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) na Feira da Floresta, realizada no último mês de abril em Gramado, Heloísa Dorea Barbosa prevê para os próximos anos um cenário otimista para a indústria de celulose. Dados da consultoria Risi e do Pulp and Paper Products Council (PPPC), organismo que congrega associações de produtores ao redor do mundo, indicam um aumento da demanda de celulose de 3% ao ano até 2023. Enquanto o uso da pasta para fabricação de papel-jornal deve reduzir nos próximos anos, a necessidade para outros produtos, como embalagens e papel higiênico, tende a se manter em alta, sustentando o mercado, projeta Heloísa.
(JC-RS, 25/05/2010)