Enquanto estão avançadas as obras de conclusão de uma nova planta em Triunfo para permitir a fabricação do chamado plástico verde, a Braskem já pensa em uma segunda etapa do projeto. A primeira, em andamento, tem investimentos de R$ 500 milhões em uma unidade de eteno feito a partir de álcool de cana-de-açúcar. A fábrica deve entrar em operação entre agosto e setembro (a previsão inicial era outubro).
A segunda fase é construir uma planta de propeno, para fazer polipropileno (que dá origem a um plástico mais duro) também com matéria-prima renovável. “Tem boas chances de (esta planta) ser aqui também”, afirmou Bernardo Gradin, presidente da companhia, referindo-se ao Rio Grande do Sul.
De acordo com o executivo, essa segunda planta ligada ao projeto do plástico verde deve ser instalada em três anos. Um dos principais desafios para ampliar a participação dos produtos feitos com matéria-prima renovável ainda é a disponibilidade de etanol de cana-de-açúcar no mercado. O projeto do plástico verde foi desenvolvido no Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo. A qualificação da mão de obra que atua no Estado foi destacada por Gradin. “Um foco claro que temos aqui no Rio Grande do Sul é desenvolver nosso patrimônio humano, atrair talentos”, afirma. Além da mão de obra qualificada, o presidente da Braskem destacou como diferenciais competitivos do Estado uma cadeia produtiva bem formada. E afirmou que estimular a organização das cadeias, inclusive atraindo investimentos de clientes (compradores de resinas), é um dos desafios para a Braskem em todos os mercados nos quais atua.
A indústria petroquímica gaúcha foi uma das que mais cresceu no primeiro trimestre de 2010. O avanço do faturamento real no trimestre foi de 47,8% (maior incremento entre todos os segmentos) para a indústria química e de 24,7% para a de plástico e borrachas. Os dados são da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.
No País, em 2009, a indústria petroquímica teve queda de 5% a 6%, detalha Otávio Carvalho, diretor da consultoria Maxiquim. O maior impacto deveu-se à retração no consumo de bens duráveis, cujos plásticos são feitos normalmente com polipropileno. Já nos bens não duráveis, como alimentos, que consomem plástico à base de polietileno em embalagens, a queda foi menor. Para 2010, Carvalho espera que a indústria petroquímica brasileira tenha um crescimento em torno de 10%, superando a queda de 2009 e ainda crescendo acima de 2008.
Para o consultor, o Brasil saiu na frente na produção de plástico verde em escala comercial com a Braskem, mas ainda será necessário um período maior para que a produção se dissemine. Em um primeiro momento, o plástico verde irá atender a nichos específicos de mercado, especialmente na Europa, onde clientes aceitam pagar mais por um produto renovável. “Acho que serão necessários pelo menos mais dez anos para (o plástico verde) ser uma alternativa em grande escala”, afirma.
(JC-RS, 25/05/2010)