A possibilidade de que as termelétricas não consigam competir com outras fontes de energia nos próximos leilões de A-5 (para entrega de energia em cinco anos) e A-3 (três anos) preocupa o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para quem a segurança do sistema elétrico brasileiro está ancorada também na disponibilidade de 14 mil MW instalados em geração térmica no país.
"Tivemos racionamento em 2001 porque tínhamos 2 mil MW de térmicas. Agora digo que não tem (risco de racionamento) porque temos estoque de segurança e 14 mil MW para enfrentar uma eventual escassez (de energia hídrica)", frisou o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp.
De acordo com o diretor-geral, nada garante que não haverá térmicas nos próximos leilões, principalmente se houver empreendedores chineses dispostos a importar carvão como matéria-prima. Nos últimos leilões, o custo da energia gerada pelas térmicas não tem sido competitivo com hidrelétricas e com outras fontes. "Com custo competitivo, vão aparecer (térmicas), se Deus quiser", disse.
Chipp defendeu um ponto de equilíbrio entre o custo da energia e a segurança do sistema. "Se a carga aumenta e (o sistema) só expande com hidrelétricas, pode ser que essa proporção de térmicas, se não expandir, não dê conta, como dá hoje, de garantir o estoque de segurança", ponderou.
(Por Rafael Rosas, Valor Online, O Globo, 24/05/2010)