A pré-candidata à Presidência da República, Marina Silva (PV), foi entrevistada no início da manhã desta segunda-feira na rádio "CBN" e falou sobre suas ideias e propostas e o como pretende agir durante a campanha. Entre os pontos destacados, ela comentou sobre multas por propaganda antecipada, Fernando Gabeira (PV), aparelhamento do estado, Irã, direitos humanos, participação do Estado na economia e relação entre preservação ambiental e crescimento da economia.
Sobre Gabeira, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marina afirmou que ele é a melhor escolha para o Rio neste momento. "O Gabeira é o melhor para o Rio e o projeto do PV é o melhor para o Brasil", afirmou.
Propagandas antecipadas
"A lei deve ser cumprida e queremos cumprir as regras do jogo. Na política a gente tem que liderar pelo exemplo e começar pelas palavras. não quero que façamos qualquer descumprimento da lei", garantiu Marina.
Aparelhamento do estado
"Não estava aparelhado, a composição do ministério foi bem interessante. Existiam pessoas que já estavam na gestão do governo anterior, pessoas da sociedade civil com experiência. Ética, capacidade técnica e capacidade de articulação política, de forma hierárquica, é isso que penso. Nunca preferi o critério da política. Eu tenho dito que precisamos nos livrar de uma coisa terrível, que é o aparelhamento duplo. E mesmo que seja um critério político, é necessário ter competência ética. No Ministério do Meio Ambiente tínhamos funcionários de carreira", disse.
Política externa
"A questão dos direitos humanos não pode ser relativizada. No Irã está havendo desrespeito e o Brasil deu um respaldo que outras democracias não deram. Direitos humanos e liberdade são importantes para os cubanos e os iranianos. Temos que ficar atentos", complementou.
Congresso
"Eu espero que a sociedade possa escolher pessoas comprometidas com a vida para o Congresso, comprometdias com a vida política e a vida econômica. Eu tenho a minha tese sobre o realinhamento histórico entre PT e PSDB para garantirmos uma base, para evitarmos um fisiologismo do qual os partidos ficaram reféns. Essa política velha precisa ser enterrada e a sociedade pode ajudar a enterrar", afirmou.
Reajuste para os aposentados e fim do fator previdenciário
"No caso do fim do fator previdenciário, eu vetaria. No caso do reajuste, não. Eu fui para o Congresso para participar da votação, estava licenciada e voltei. Eu acho que é justo recuperar o poder aqusitivo dos aposentados. O Governo e o Estado precisam fazer suas escolhas, mas não podemos achar que podemos fazer tudo de qualquer jeito com o dinheiro do contribuinte. A Previdência vai precisar de um saneamento".
Relação entre ativismo ambiental e crescimento econômico
"A questão ambiental é uma necessidade estratégica do planeta e da humanidade. As economias dependem da biodiversidade e ela vem se perdendo nos últimos anos. O Brasil é uma potência agrícola por causa de suas reservas hídricas, por exemplo, mas não proteger o meio ambiente é que vai atrapalhar o crescimento econômico. Eu tenho orgulho de ter um vice que acreditou há 30 anos que é possível juntar crescimento e preservação ambiental (se referindo a Guilherme Leal). A natureza não muda suas leis e aplica sanções. Meio ambiente não atrapalha o desenvolvimento. Se o Brasil não fizer o dever de casa vai perder a opotunidade de desenvolver uma nova economia, com energia, indústria e cidades sustentáveis".
Energia hídrica
"A geração de energia hidrelétrica não é problema se nos observamos as exigências ambientais e sociais. Quando eu estava no ministério tinha 45 hidrelétricas com problemas na Justiça e metade estava sob a responsabilidade da pasta. Resolvemos todos os problemas. As pessoas tem mania de achar que ao fazermos o dever de casa estamos atravancando as coisas. Mas não podemos ficar dependentes de uma única fonte, temos que aproveitar as fontes alternativas".
Religião e ciência
"Nós não podemos contrapor ciência e religião, mas o que orienta a ciência é a ética. Tudo o que é feito sem ética acaba se voltando contra o homem. Não tenho objeção contra a ética, mas os cientistas devem se orientar sob princípios".
Pré-sal
"Eu defendo um compartilhamento sobre as riquezas. Nós temos que pensar que é preciso uma distribuição correta: valorizando os estados produtores e beneficiando também os outros estados. O petróleo é um tipo de safra que só dá uma vez e deve ser aproveitado da forma correta. É fundamental investir em conhecimento e inovação tecnológica. A riqueza deve ser usada para alavancar o Brasil em todos os sentidos. O Brasil deve entrar na corrida tecnológica sem prejuízo do conhecimento, investindo na educação continuada. O Brasil não pode utilizar esses recursos como se não tivéssemos que substituir o petróleo".
Estado empresário
"É uma discussão que precisa ser feita com transparência. É uma questão de eficiência e não uma questão de agigantar o Estado".
Aumento no número de estados e municípios
"O aumento no número de municípios foi negativo para o país. No Pará, existe uma discussão sobre a criação do estado de Tapajós. Eu tenho dúvidas, porque cria uma burocracia, aumento da despesa pública. O que aconteceu com os múnicípios deve nos ensinar, porque isso não melhorou a vida das pessoas. Temos que trabalhar pela eficência do Estado, não pelo Estado sanguessuga, mas pelo Estado transparente".
Funcionalismo público: meritocracia x reajuste salarial
"Precisamos ter um piso salarial que seja justo e depois uma avaliação de mérito, mas também é preciso ter uma formação continuada. O Estado precisa ser cada vez mais profissional. Defendo que as pessoas possam crescer pelo desempenho, mas é preciso um trabalho de valorização do servidor público".
Disputa eleitoral e "terceira via"
"Confesso que gostei do resultado da última pesquisa. Estamos com 12% porque a sociedade brasileira resolveu se escalar para resolver esse empate. Meu programa não é confuso. É possível construir a partir das coisas boas que já foram construídas, como o Plano Real e as políticas socias, mas não podemos achar que já chegamos no paraíso. Nosso diferencial é investir no Brasil do futuro. O PT e o PSDB não fazem esse debate, porque acham que é desenvolvimento pelo desenvolvimento, crescimento pelo crescimento e acham que o nosso discurso é de uma nota só. Deixamos o debate plebiscitário e passamos para o debate político. O povo está a frente dos líderes e não vai comprar a tese do plebiscito entre Governo Lula e Governo FHC".
(Redação SRZD, 24/05/2010)