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mídia e sustentabilidade
2010-05-25 | Tatianaf

Eu e Afra Balazina, do Estadão, estivemos no Notícia em Foco da CBN, para discutir a cobertura dos temas ambientais pela mídia no Brasil. O tema era a perda de espaço da agenda da biodiversidade, suplantada pela agenda climática.

Comecei dizendo que mudança climática e biodiversidade, embora objeto de convenções distintas, são cada vez mais indissociáveis. Os geólogos estão prestes a formar consenso de que já estamos na era do Antropoceno, era em que a ação humana afeta toda a vida do planeta de forma distintiva e perene. Ambos os temas, argumentei, são maltratados ainda pela mídia.

Afra Balazina considera que embora ambos seja temas muito ligados, mudança climática tem muito espaço que biodiversidade. Por isso a ONU fez deste ano, o ano internacional da biodiversidade. A ciência do clima ganhou muita força e a biodiversidade não tem o mesmo tratamento. A COP do clima atrai mais atenção de governos e mídia, que a COP da biodiversidade.

Concordei que, do ponto de vista da agenda global, a mudança climática entrou de forma mais concreta na agenda e tem mais visibilidade, por causa do “efeito Copenhague”. A convenção da biodiversidade ficou mais nas mãos dos cientistas do que dos governos e da mídia. O clima, por afetar interesses econômicos poderosos, chama mais a atenção de governos, empresas e imprensa.

Discutimos, também, o desastre no Golfo do México, que está associado às duas pautas: do clima, pela via da economia de alto carbono, e da biodiversidade, pela destruição de dimensões cataclísmicas da vida no mar e nas costas do Golfo do México. Lembrei o resultado das pesquisas que Craig Venter – o mesmo do revolucionário genoma sintético – fez com seu veleiro pelos mares do mundo. Encontrou uma brutal diversidade de formas de vida nos mares, ele tirou amostras ao equivalente em milhas náuticas a cada 250 km e descobriu que a combinação de formas de vida em cada amostra era diferente das outras. Isso significa que podem ser destruídos organismos no Golfo do México, que não existem em outras partes.

A discussão durou uma hora. Foi um ótimo e relaxado papo sobre as coisas mais importantes do século XXI. Falamos, inclusive, dos negacionistas, que negam a existência da mudança climática, respondendo a perguntas de ouvintes.

Outro tema que discutimos foi o desmatamento da Amazônia. Afra ressaltou que o Brasil foi positivamente mencionado no relatório da ONU por causa da queda do desmatamento e pela maior criação de áreas protegidas desde 2003. Também lembrou que o relatório da biodiversidade alerta para o risco de colapso se o desmatamento continuar.

Eu argumentei que ainda desmatamos muito e uma parte dessa queda do desmatamento não é sustentável. Não decorre de ações permanentes. Parte da diminuição do desmatamento se deu por causa da redução da pressão associada à queda de preços na commodities. E este ano o desmatamento voltou a subir por causa da recuperação dos preços e do ano eleitoral.

Discutimos monitoramento por satélite do desmatamento. O papel do INPE e do Imazon. A necessidade de transparência, trabalho de campo, fiscalização e enquadramento de infratores na legislação. Também mostramos que o Brasil não tem um projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.

Falamos – mal claro – de Belo Monte e seus impactos ainda não totalmente conhecidos sobre a biodiversidade. Discutimos alternativas energéticas e tratamos das “más e boas” hidrelétricas. Falamos de energia eólica que o governo só elogia da boca para fora.

Enfim, foram várias as questões. Nós, no estúdio, curtimos muito. Mas o que interessa é o que acharam nossos ouvintes e leitores.

(Por Sérgio Abranches, Ecopolítica, Envolverde, 24/05/2010)


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