Instalada no município de Juruti, no Amazonas, uma empresa multinacional de exploração de bauxita tenta integrar a população local em projetos de empreendedorismo. É uma forma de tentar amenizar os problemas que a atividade da empresa trouxe à cidade.
O agricultor Francisco da Silva Pimentel, por exemplo, fez um curso de empreendedorismo rural no ano passado, promovido pela mineradora. Agora, sua horta garante o sustento da casa. "Só com a produção do ano passado eu comprei duas motos, uma geladeira, TV e som", diz ele.
Como a mina de Juruti representa um projeto novo, ela tenta não repetir erros de antigas minerações na Amazônia, que se tornaram ilhas de excelência em meio a muita pobreza e destruição, como é o caso de Carajás, no Pará.
A legislação brasileira é rígida e exige mais compensações para as comunidades afetadas pela exploração mineral. Usada na fabricação do alumínio, a bauxita é amplamente explorada no Brasil. O país é o terceiro produtor mundial do minério, sendo que 85% da extração ocorre na Amazônia.
Mas a exploração do minério exige a derrubada de grandes áreas na floresta. A empresa afirma que pretende replantar todos os lugares em que cavou. "O tempo esperado para a floresta voltar ao que era antes é de 17 a 20 anos", diz Tiniti Matsumoto Júnior, gerente geral da construção.
Ribeirinhos reclamam que a mina já alterou o meio ambiente. Na vila de Juruti Velho, longe da sede do município e mais perto da mina, os moradores dizem que a caça diminiu. "Com grande desmatamento, os animais fogem, morrem. Como a gente vai sobreviver?", pergunta Mônica Matos, moradora da região.
A Associação de Moradores obteve uma vitória na Justiça e recebeu concessão dos direitos de uso de uma grande área de floresta, englobando 80% da região da jazida de bauxita de Juruti.
A chegada da mineradora mudou Juruti, que antes era apenas uma cidade de 30 mil habitantes no meio da floresta, distante de tudo. Tinha apenas 29 veículos registrados, somados carros, caminhões e motos. Hoje a frota é 18 vezes maior. Também aumentou a criminalidade e houve colapso da infraestrutura com a chegada de milhares de trabalhadores. "Sem dúvida você causa um primeiro transtorno, mas depois vai se ajeitando", diz Tiniti Matsumoto Júnior.
(Globo Amazônia, com informações do Jornal da Globo, 22/05/2010)