Funcionários da British Petroleum (BP) negaram nesta sexta (21) que os trabalhos de contenção do vazamento de petróleo no golfo de México sejam inadequados ou que tenham ocultado a magnitude do acidente. O governo americano impôs à empresa petroleira britânica um prazo rígido para concluir as operações de limpeza.
O próprio volume do petróleo que começou a sair do tubo rompido quando a plataforma Deepwater Horizon afundou há um mês continua sendo tema de controvérsia. A BP afirmou inicialmente que a cifra seria de 800.000 litros diários.
"Não foi apenas a estimativa da BP. Foi a estimativa do comando de crise, incluindo a Noaa (agência nacional de oceanos e atmosfora) e a Guarda Costeira. É a melhor estimativa que temos", afirmou em uma entrevista o chefe de operações da BP, Doug Suttles.
A empresa diz ainda que está extraindo essa quantidade diária através de um tubo de 1.600 m de extensão, mas como as imagens mostram que o petróleo continua saindo do poço danificado, muitos acreditam que as cifras devem ser superiores às indicadas pela empresa.
Mesmo com estimativas mais baixas, estima-se que tenham sido derramados no mar cerca de 20 milhões de litros desde que ocorreu o desastre. Especialistas independentes advertiram que o vazamento pode ser até dez vezes maior que as estimativas atuais.
Suttles tentou dissipar a revolta crescente do governo americano, dos residentes da região e dos legisladores, que consideram que não se fez o suficiente para deter um vazamento que continua fluindo a apenas 80 km da costa da Louisiana.
"Estamos empenhados nisso", declarou o diretor ao canal de TV ABC, alegando que a empresa gastou cerca de 700 milhões de dólares na limpeza.
"Empreendemos a mais ampla resposta jamais empreendida no mundo. Colocamos para trabalhar nisso 20 mil pessoas", acrescentou.
Suttles confirmou que a BP cumpriu com o prazo apresentado pela administração americana para responder às preocupações sobre o dispersante químico usado para fragmentar a mancha na superfície, mas não pôde encontrar uma alternativa menos tóxica.
"Não podemos identificar outro produto disponível que seja melhor que o Corexit", afirmou, alegando que o dispersante usado se encontra na lista aprovada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA).
Altos funcionários americanos insistem que a BP repasse informações técnicas necessárias para a EPA e Noaa. A secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, e a diretora da EPA, Lisa Jackson, exigem atualizações diárias sobre a evolução da mancha.
Segundo o governo, a opinião pública tem o direito a uma total transparência, principalmente diante do fato de que líderes locais começam a se desesperar ante as espessas bolas de piche que chegam ao litoral da Louisiana, um habitat de pássaros e outras espécies silvestres.
(France Press, Folha Online, 21/05/2010)