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2010-05-24 | Tatianaf

O Brasil deve usar suas vantagens competitivas naturais e os resultados obtidos pelas empresas na conservação da natureza para se fortalecer nas negociações internacionais sobre a mudança do clima. A opinião é do presidente da Quattor, empresa do Grupo Braskem, Luiz Mendonça, que participou da abertura da 2ª Conferência da Indústria para o Meio Ambiente (CIBMA), na noite desta quarta-feira, 19 de maio, em Salvador.

Empresários, presidentes de federações, de associações, de sindicatos e autoridades presentes no evento, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacaram a importância do debate entre governo, setor produtivo e sociedade para o país crescer de forma sustentável. A CIBMA prossegue até sexta-feira, 21 de maio, quando devem ser consolidadas as propostas da indústria para as políticas ambientais e de recursos hídricos que serão apresentadas aos candidatos à Presidência da República.

Luiz Mendonça acredita que hoje o Brasil se apresenta muito timidamente nas negociações internacionais. Para ele, o país deveria reforçar a divulgação das vantagens naturais nas mesas internacionais. “Nossa matriz energética era, em 2006, constituída de 45% de fontes renováveis, enquanto que a dos países desenvolvidos era de apenas 6,2%. Precisamos apoiar nosso governo a utilizar essa situação a favor do nosso país. A favor da nossa indústria”, disse o empresário. Mendonça explicou que o Brasil tem legitimidade para falar mais forte nas negociações das mudanças climáticas. “Não somos grandes emissores per capita, mas nos posicionamos como culpados.”

Para ele, o Brasil poderia ser mais conhecido pela matriz energética limpa, pelo percentual de reciclagem e pelos exemplos das empresas. “A CIBMA é um momento oportuno para que essa discussão seja aprofundada, para avaliar como as questões ambientais e sociais devem evoluir no Brasil, como o setor produtivo pode influenciar nas decisões que garantam o diferencial comparativo do país.”

A analista ambiental da Vale SA., Renata Frank, destacou que o consumidor está cada vez mais atento às questões socioambientais e a imagem do país no exterior é importante para o setor empresarial. Renata acrescentou que a indústria e o governo devem construir uma posição única sobre a imagem do Brasil no exterior. “A forma como você é visto, como você trabalha, se está impactando a natureza são fundamentais para se colocar no mercado externo”, disse Renata. Ela lembrou ainda da importância de o país lidar com as barreiras ambientais impostas pelos demais países. “As barreiras econômicas hoje são ambientais.”

O diretor de Relações Institucionais da TimacAgro, Torvaldo Marzolla, afirmou que, cada vez mais, a sociedade está dando importância para o grande tema do milênio, que é o meio ambiente. “A indústria é a grande protagonista da sustentabilidade porque é nela que vamos ter grandes exemplos”, avaliou Marzolla. Para ele, o Brasil pode avançar ainda mais na questão ambiental. “Além de termos a base energética nas hidrelétricas, temos condições de desenvolver mais parques eólicos. Estamos preparados para dar grande exemplo para o mundo.”

Ivo Bucaresky, chefe de gabinete da ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, destacou a importância do diálogo entre a indústria brasileira e o governo. “A indústria é o setor que mais tem buscado a aproximação com o governo e o que mais tem avançado na sua postura”, disse. O diretor de Operações da CNI, Rafael Lucchesi, disse que a CIBMA é importante para a construção desse diálogo.

Ao final da cerimônia de abertura, foi anunciada uma parceria da CNI com o Ministério do Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Banco Mundial, a agência de Cooperação Alemã GTZ para realização de um seminário internacional em setembro deste ano, no escritório da CNI em São Paulo, como parte das comemorações do Ano Internacional da Biodiversidade. O Seminário mobilizará a indústria para a 10ª Conferência da Biodiversidade, em outubro, no Japão.

(Revista Fator, 22/05/2010)


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