As pesquisas sobre o câncer ligado ao trabalho ainda têm muito para avançar, mas a União Internacional contra o Câncer estima que 4% do número total de casos da doença — que foi calculado em 2002 em 10 milhões — seja de origem ocupacional, mais comuns inclusive do que os relacionados ao álcool (3%), à exposição excessiva ao sol (3%) e às radiações (1%). Por esse motivo, o médico italino Davide Bosio ministrará nesta quinta-feira, dia 20, às 9h, a palestra Os desafios do controle do câncer nos ambientes de trabalho durante o 14º Congresso da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), que reúne mais de 2 mil profissionais da saúde e da segurança do trabalhador até o dia 21 de maio.
A previsão é de que, em 2020, 15 milhões de pessoas sofram de algum tipo de câncer, e que 12 milhões delas morram devido à doença. Em 2005, o Sistema Único de Saúde (SUS) custeou 600 mil internações por câncer, 431 mil delas devido a tumores malignos. Os gastos federais em assistência oncológica, que em 2000 giravam em torno de R$ 571 milhões, chegaram em 2005 a R$ 1,2 bilhão.
Segundo o International Agency for Research on Câncer (IARC), dos 108 agentes e misturas reconhecidamente cancerígenos para humanos, 29 estão relacionados ao trabalho e ambiente. Apesar disso, o Ministério do Trabalho e Emprego proíbe o uso nos processos de trabalho de apenas quatro substâncias químicas consideradas cancerígenas: 4-aminodifenil, benzidina, beta-naftilamina e 4-nitrodifenil. O benzeno, o amianto e a sílica, apesar de serem reconhecidamente cancerígenos pelo IARC e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda têm as exposições regulamentadas. Ao mesmo tempo, o Brasil está entre os cinco maiores produtores, consumidores e exportadores de amianto.
(Administradores, 20/05/2010)