“As concentrações de atrazina, comumente encontradas em riachos e rios das regiões agrícolas, provocaram redução de reprodução e desova, bem como anomalias do tecido dos peixes, em estudos de laboratório“, disse o cientista Donald Tillitt, do USGS, o principal autor do estudo [Atrazine Reduces Reproduction in Fathead Minnow] publicado na revista Aquatic Toxicology.
Peixes da espécie “Pimephales promelas” (Fathead Minnow) foram expostos ao atrazine no laboratório Columbia USGS Environmental Research Center, em Columbia, Missouri, e observados os efeitos sobre a produção de ovos, anormalidades do tecido e os níveis hormonais. Os peixes foram expostos a concentrações que variam de zero a 50 microgramas por litro de atrazine por um período acima de 30 dias. Todos os níveis de exposição testados são inferiores aos fixados como limite pela EPA (Pesticides Aquatic Life Benchmark) de 65 microgramas por litro para a exposição crônica de peixes.
O estudo demonstra importantes efeitos reprodutivos, em concentrações abaixo da linha diretriz da EPA para a qualidade da água .
Os resultados do estudo mostram que ciclo reprodutivo normal foi interrompido pela atrazina e os peixes não se reproduziram tanto ou tão bem quando expostos ao herbicida. Os pesquisadores descobriram que a produção total de ovos foi menor em todos os peixes expostos ao atrazine, em relação aos peixes não expostos, no prazo de 17-20 dias de exposição. Além disso, os peixes expostos ao atrazine geraram menos descendentes e não apresentaram anormalidades nos tecidos reprodutivos de machos e fêmeas.
A atrazina é um dos herbicidas mais utilizados no mundo e é muito usado em milho, cana e sorgo, inclusive em toda a área plantada nos Estados Unidos. Ele é usado para eliminar gramíneas e ervas daninhas, sendo geralmente aplicado na primavera. Assim, observou Tillitt, as concentrações de atrazina são maiores nos córregos durante a primavera, quando a maioria dos peixes na América do Norte está tentando se reproduzir.
Os resultados deste estudo acrescentar um novo alerta importante e deve incorporar novas conclusões sobre as concentrações de atrazina em riachos, registrados pelo USGS National Water-Quality Assessment (NAWQA) Program, bem como outros, destacando os riscos potenciais para as espécies aquáticas do uso de agroquímicos.
O herbicida atua como disruptor endócrino em peixes e está associado a graves efeitos reprodutivos. Disruptores endócrinos são produtos químicos que têm a capacidade de afetar os sistemas endócrino e incluem alguns pesticidas, PCB, certos metais pesados, produtos de uso doméstico e muitos fármacos especificamente projetados para interagir com função endócrina.
“Atrazine Reduces Reproduction in Fathead Minnow ( Pimephales promelas ) “, de autoria dos cientistas Donald Tillitt, Diana Papoulias, Jeffrey Whyte e Catherine Richter, foi publicado na revista Aquatic Toxicology.
(Por Henrique Cortez, EcoDebate, 20/05/2010, com informações de Catherine Puckett, U.S. Geological Survey)