O diretor do Departamento de Zoneamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Vizentin, afirmou nesta quarta-feira que o desenvolvimento econômico da região amazônica não está engessado pelas regras ambientais.
"Essa concepção de que a proteção ambiental trava o desenvolvimento da região é um discurso genérico que não tem sustentação na realidade, já que os dados apontam um crescimento econômico até maior do que a média do País em determinadas partes da Amazônia", disse Vizentin, durante o 4º Simpósio Amazônia - Infraestrutura para o Desenvolvimento Sustentável.
Ele informou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá assinar no início de junho, na Semana do Meio Ambiente, o decreto que aprova o Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal (MacroZEE). O documento divide a região em dez áreas, de acordo com as particularidades ambientais, e define estratégias de desenvolvimento para cada local.
"O Brasil pode reinventar o seu próprio modelo de desenvolvimento na Amazônia, e o macrozoneamento oferece um conjunto de estratégias para produzir e preservar, de acordo com a particularidade de cada região", disse Vizentin.
Amazônia interligada
O diretor do Departamento de Planejamento Energético da Secretaria de Planejamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Gilberto Hollauer, garantiu que a região amazônica será ligada ao sistema interligado nacional de distribuição de energia até 2014.
"O nosso sistema de distribuição é o maior do mundo, mas não cobre o Brasil inteiro. Isso vai ocorrer em 2014, quando os últimos estados da região norte serão incorporados aos sistema", disse Hollauer. Segundo ele, fazer parte do sistema nacional de distribuição garante que a energia chegue de forma segura e constante.
A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) e o deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM) criticaram a exclusão da Amazônia na distribuição da energia. "Não temos uma energia segura, temos sistemas isolados, uma hidrelétrica aqui e outra ali que não garantem o abastecimento da região", criticou Janete.
Usinas-plataforma
Gilberto Hollauer defendeu ainda a exploração do potencial hidrelétrico do Complexo dos Tapajós por meio de cinco usinas-plataforma. Esse modelo, segundo ele, vai garantir impactos ambientais mínimos à região.
"As usinas-plataforma são construídas sem reservatório, os canteiros de obras são reduzidos e os empregados trabalharão em longos períodos, como ocorre numa plataforma de petróleo", explicou. Segundo ele, esse modelo inibe que a construção da usina resulte na criação de novas cidades ao redor da região e, por isso, garantiriam a preservação ambiental e viabilizariam a exploração energética de rios em unidades de conservação ou áreas indígenas.
(Por Carol Siqueira, Agência Câmara, 19/05/2010)