Maior reserva de ferro de alto teor do mundo, a mina de Carajás, no Pará, ocupa papel central entre os garimpos na Amazônia, responsável por cerca de um quarto da produção brasileira de minérios.
A mina está no centro de uma grande província mineral e também tem a maior reserva de manganês do Brasil, além de ouro, dez jazidas de cobre e quatro de níquel.
Carajás fica ao lado de Serra Pelada, que no início dos anos de 1980 ficou conhecida como a maior mina a céu aberto do mundo e, recentemente, teve a retomada das atividades autorizada pelo governo. Com incentivos do governo militar, as duas minas cresceram a atraíram pessoas para ocupar a Amazônia.
Um deles é o garimpeiro Miguel dos Anjos Marques, que cava em Carajás um buraco com 107 metros de profundida para procurar ouro. Ao lado de outros trabalhadores, ele fica oito horas por dia em baixo da terra. "Estou acostumado. Todo dia isso aqui é uma graça", diz ele.
"Sei que de um barranco como esse a gente tem possibilidade de tirar até duas toneladas de ouro, ou mais", diz José Alfredo, que trabalha ao lado de Marques.
O administrador Francisco Brito chegou à região em 1981 para tentar colocar ordem no fluxo de pessoas que chegavam. "Aqui tinha terra agrícola pra ser distribuída gratuitamente com toda a assistência, tinha lote para morar e montar o comércio e oferta de emprego", diz ele.
A mina de Carajás foi descoberta quase por acaso, em 1967, quando o geólogo Breno Augusto dos Santos sobrevoava a região e resolveu pousar em uma clareira. Ao analisar o solo, percebeu estar perto de encontrar um tesouro valioso. "Sabe quando você tem uma emoção muito grande e não quer acreditar que aquilo seja verdade? Essa foi a sensação que eu tive", diz.
Preservação
Para proteger o meio ambiente ao redor da mina, foi criada a Floresta Nacional de Carajás. Funcionário do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Frederico Drumond administra a floresta. "Ela está respirando bem e nos mostra os indicadores de saúde ambiental da floresta. Para esta região, é uma das poucas áreas realmente preservadas", diz ele.
De acordo com Paulo Bueno, gerente de meio de Carajás, é longo o tempo para quem uma novas matas possam florescer. "São mais de 20 anos para conseguir atingir uma floresta estabilizada", explica.
(Globo Amazônia, 19/05/2010)