Enquanto os pesquisadores do Butantan lutam para estimar com precisão o tamanho do estrago, outras instituições Brasil afora, como o Museu Paraense Emilio Goeldi, já se mobilizam para ajudar o instituto a reconstruir seu acervo.
"Já teríamos condições de mandar hoje 3.000 lotes de aracnídeos para o Butantan", afirmou à Folha Nilson Gabas Júnior, diretor da instituição paraense sediada em Belém.
Ontem pela manhã, Gabas Júnior conversou por telefone com Otávio Mercadante, diretor-geral do Butantan, sobre a tarefa de refazer a coleção centenária. "Eles querem começar logo a reforma do prédio, e eu me prontifiquei a liderar um mutirão dos diretores de museus, um esforço de coleta", afirma o chefe do Goeldi.
"Esses aracnídeos, por exemplo, são espécimes duplicados, que nós não teríamos problema nenhum em enviar para o acervo do Butantan", afirma Gabas Júnior.
O Goeldi possui um dos maiores acervos da biodiversidade amazônica e enfrenta alguns dos mesmos problemas que levaram ao desastre no Butantan. Em março deste ano, um incêndio quase se alastrou pelo setor de entomologia (a coleção de insetos do museu).
"E isso foi depois de uma reforma na parte elétrica -a qual, pelo visto, não foi suficiente para impedir que uma coisa dessas acontecesse", afirmou Gabas Júnior.
Um dos principais desafios das coleções biológicas, explica ele, é o fato de que a dinâmica da coleta é muito rápida.
"É preciso levar em conta o ritmo com que as coleções crescem. Se não conseguirmos nos planejar para essa ampliação constante, sempre vamos ficar tapando buraco, sem conseguir preparar direito a expansão no futuro", afirma ele.
Um dos artifícios para facilitar esse planejamento é usar armários compactados, nos quais é possível arquivar grande quantidade de espécimes num espaço pequeno.
(Por REINALDO JOSÉ LOPES, Folha Online, 19/05/2010)