Após mais de 15 dias de mobilização, o último sábado (15) foi, para os indígenas equatorianos, um dia para avaliar os resultados das manifestações contra a aprovação da Lei de Águas. Na quinta-feira passada (13), data da votação na Assembleia Nacional, as organizações indígenas do Equador conseguiram vencer uma batalha: a Lei de Águas não foi votada.
Em comunicado divulgado pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) e pela Confederação Kichwa do Equador (Ecuarunari), dirigentes de organizações indígenas fizeram um balanço da "Mobilização Plurinacional em Defesa da Vida, da Água e da Soberania Alimentar". Para eles, a luta ainda não acabou. "Com a frente em alto, ganhamos uma batalha, mas a luta continua", afirmou o presidente da Ecuarunari, Delfín Tenesaca.
Na opinião de Tenesaca, é importante, agora, fortalecer o movimento indígena em todos os cantos do país. "Vamos fortalecer a unidade em cada província, em cada povo e comunidade, e convocar a todos e todas a instalar Parlamentos Plurinacionais para informar, discutir e debater as problemáticas de cada setor e povo", sugeriu.
A vitória da primeira etapa foi igualmente destacada pelo dirigente da Conaie, Marlon Santi. "Resistimos por mais de 15 dias de luta intensa com as mobilizações; sem esta ação já teriam aprovado a Lei de Águas na Assembleia Nacional", afirmou. Além disso, Santi destacou outra grande conquista nessa luta: a unidade do movimento indígena no Equador.
"Já basta de mentiras ao povo equatoriano: que os indígenas querem apropriar-se da água. Correa elaborou a Lei de Águas para favorecer aos de sempre e fazer bem aos empresários, às transnacionais, à oligarquia crioula, defendendo desta maneira o mesmo sistema caduco. Mas com a unidade do povo vamos controlar o limite dos congressistas que o único que fazem é obedecer ordens de Correa, o exemplo mais claro é o ocorrido com a Lei de Águas", declarou.
O presidente da Confederação Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Negras (Fenocin), Luis Andrango, também ressaltou a unidade não só dos indígenas, mas também de camponeses e de movimentos populares em torno da melhor distribuição de riquezas naturais e meios de produção. "Desde cada comunidade bloquearam vias, realizaram manifestações e temos o primeiro efeito que não conseguiram aprovar a Lei de Águas como eles queriam, portanto é um triunfo", alegrou-se.
Manuel Chucchilan, representante do Conselho de Povos e Organizações Indígenas Evangélicas do Equador (Feine), por sua vez, agradeceu à população equatoriana e às mobilizações que conseguiram a suspensão da votação da Lei de Águas na Assembleia Nacional. Também estendeu o agradecimento às autoridades do Equador, as quais fizeram, com a discussão dessa Lei, unir o movimento indígena na luta contra a aprovação da lei das Águas e das próximas leis que virem a desrespeitar a natureza e os direitos dos povos.
(Adital, 19/05/2010)