A distribuidora de energia AES Sul já investiu aproximadamente R$ 46 milhões no primeiro trimestre deste ano e deve fechar 2010 com um investimento total de R$ 257 milhões. Segundo o presidente da AES Brasil, Britaldo Soares, os recursos serão empregados na manutenção e expansão da rede elétrica da concessionária.
Neste trimestre, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 39,3 milhões, alta de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Soares informa que o consumo de energia na área de atendimento da AES Sul cresceu cerca de 8% no primeiro trimestre deste ano. Se a distribuidora apresentou resultados positivos para a AES Brasil, a outra empresa gaúcha do grupo não teve o mesmo desempenho. A termelétrica AES Uruguaiana teve um prejuízo de R$ 4,9 milhões nos três primeiros meses deste ano.
"Uruguaiana permanece hibernada, fora de operação devido à falta de suprimento do gás natural da Argentina", comenta Soares. O dirigente lembra que o problema ocorre devido à crise energética que sofre o país vizinho desde 2004, situação que se intensificou nos últimos anos. Questionado se o grupo poderia se desfazer do ativo ou deslocá-lo para outra região, Soares admite que "todas as opções são válidas".
No ano passado, a AES Uruguaiana entrou com uma ação, na Câmara de Comércio Internacional, contra a YPF, devido aos cortes no fornecimento de gás natural. A medida pode render uma indenização de cerca de US$ 1 bilhão para o grupo AES e para a Sulgás. Soares acredita que uma definição sobre esse assunto deve ocorrer em 2011. Por causa das dificuldades enfrentadas, a AES Uruguaiana reduziu seu grupo de funcionários de 60 para 15 trabalhadores. Esse pessoal é responsável por realizar a manutenção e conservação das máquinas da termelétrica.
Como um todo, o grupo AES Brasil encerrou o trimestre com receita operacional líquida de R$ 3,1 bilhões e lucro líquido de R$ 393,7 milhões, o que representa, respectivamente, alta de 13,6% e queda de 2,2% em comparação aos três primeiros meses de 2009. O Ebitda (resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da AES Brasil totalizou R$ 880,5 milhões, alta de 5,6%. Soares adianta que o investimento do grupo neste ano será de cerca de R$ 1,1 bilhão, contra R$ 755 milhões aportados em 2009.
Capital ganha Laboratório de Eficiência Energética
A Eletrobras e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) inauguraram ontem o Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica (LENHS), localizado no Campus do Vale da universidade, na Capital gaúcha. O laboratório é uma das iniciativas do Procel Sanear, subprograma do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado pela Eletrobras. O objetivo é capacitar profissionais, com bolsas de estudos e estímulo a pesquisa, nas áreas de eficiência energética e hidráulica em saneamento ambiental.
Ao LENHS também caberá pesquisar novas tecnologias e materiais, bem como realizar experiências que possam comprovar a eficiência energética de equipamentos elétricos e hidráulicos aplicáveis em sistemas de saneamento.
O laboratório conta com uma bancada fixa com mais de 150 metros quadrados onde estão instalados os mais sofisticados equipamentos que podem ser utilizados no setor de saneamento. Entre eles estão: medidores de vazão eletromagnéticos, válvulas com acionamento elétrico e eletropneumático, medidores de vazão intrusivo tipo turbina, medidores de nível, medidores de pressão e equipamentos para a medição em campo de grandezas elétricas e hidráulicas.
Através da bancada fixa serão realizadas simulações de redes hidráulicas e de perda da água, calibração e aferição de equipamentos, análise da eficiência de equipamentos como conjuntos moto-bomba, dimensionamentos econômicos e hidráulicos de redes de abastecimento de água. Para a construção da bancada fixa do LENHS foi necessária a participação de mais de 70 profissionais e a parceria de diversas empresas como Unidigital Tecnologia Eletrônica, LC Automação Industrial, Elipse Software, Siemens, WEG Equipamentos Elétricos, KSB, Altus Sistemas de Informática e Isoccel. Conforme o assessor do diretor de Tecnologia da Eletrobras, Djamil de Holanda Barbosa, o investimento no projeto foi de cerca de R$ 1,1 milhão. Ele destaca que o LENHS faz parte de uma rede de seis laboratórios no País que trocarão experiências entre eles para a formação de mão de obra capacitada.
Estatal chinesa compra sete concessionárias no Brasil
A estatal chinesa State Grid fechou contrato ontem com as espanholas Cobra, Elecnor e Isolux para a compra de sete concessionárias de energia no Brasil por R$ 3,097 bilhões (US$ 1,726 bilhão), maior valor já investido pela China no País até agora. O negócio, que ainda precisa ser aprovado pelos órgãos reguladores, prevê a transferência de 100% do capital das seguintes empresas transmissoras de energia: Ribeirão Preto, Serra Paracatu, Poços de Caldas, Itumbiara e Serra da Mesa. Os chineses também compraram 75% da Expansión Transmissão de Energia Elétrica (que opera no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais) e da Expansión Transmissão Itumbiara Marimbondo. O valor de R$ 3,097 bilhões inclui a transferência de dívida de R$ 1,305 bilhão.
Antes do contrato fechado ontem, o maior investimento chinês no Brasil havia sido no setor de mineração, com a compra da Itaminas por US$ 1,2 bilhão, no mês de março. O empresário Eike Batista tem acordo de US$ 4,7 bilhões com a estatal Wisco (Wuhan Iron and Steel Corporation) para construção de uma siderúrgica no porto de Açu (RJ), mas o negócio ainda não foi concretizado.
A State Grid cobre 88% do território chinês e é a maior empresa de transmissão e distribuição de energia do mundo, com faturamento de US$ 164 bilhões em 2008. Com 1,5 milhão de empregados, a estatal é a 15º maior companhia do planeta de acordo com a revista Fortune. A compra das sete concessionárias é o primeiro investimento de uma estatal chinesa no setor de energia elétrica no Brasil e marca a entrada da State Grid no País.
(JC-RS, 17/05/2010)