Estudos técnicos vão indicar as maneiras como isso poderá ser feito
Continua viva na memória de muita gente a situação de calamidade criada em 4 de janeiro deste ano, que afetou a vida da população em diversos municípios da região e, de forma mais acentuada, Marques de Souza e Travesseiro. Nessas cidades, atingidas por uma enxurrada que fez transbordar o Rio Forqueta, ficou um rastro de destruição em lavouras, criações de animais e residências.
Entre as marcas que permanecem estão os sinais de devastação das margens do Rio Forqueta, cuja mata ciliar precisa ser recuperada. Em muitos pontos houve queda de árvores de vários portes, e a vegetação rasteira desapareceu; apenas os rochedos ou barrancas de terra frágil de várzea permanecem visíveis. Será um trabalho árduo para algumas décadas, preveem os técnicos em questões ambientais.
De acordo com o técnico agrícola e advogado que comanda as atividades do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap) da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) em Lajeado, Milton Landri Stacke, a intervenção em áreas de preservação permanente é competência do Estado com a anuência prévia do município, quando se trata de área rural. E quando a questão é área urbana, essa ordem se inverte. Ao lembrar o acúmulo de madeira gerada pela calamidade de janeiro, diz que a retirada e aproveitamento desse material já estão sendo licenciadas pela secretaria.
Isso pode ser feito pelo proprietário das terras onde essa lenha está acumulada, e compete também a ele a restauração da vegetal destruída pelas cheias. A reparação das áreas afetadas é acompanhada pelos departamentos municipais de meio ambiente. No Vale do Taquari, apenas Arvorezinha, Itapuca e São Valentim do Sul ainda não contam com tais órgãos. O licenciamento e a recuperação se dão após um levantamento conjunto dos danos ocorridos em cada município e suas respectivas propriedades.
Ações
Ele cita algumas ações exitosas, que já estão em prática para a recuperação de matas ciliares, como a criação de corredores ecológicos e a entrega de mudas de espécies nativas para repovoamento de áreas danificadas. Stacke admite que há dificuldades de execução técnica em determinados locais em decorrência dos diferentes solos. Daí a necessidade de recorrer à bioengenharia, que dita os procedimentos necessários em diferentes situações de solo e topografia. “Nem sempre plantar árvores significa a solução dos problemas. Por isso mesmo torna-se necessário um estudo prévio de cada propriedade”, comenta.
Marcelo Krüger, responsável pelo Departamento Municipal de Meio Ambiente de Marques de Souza, diz que a extensão dos prejuízos foi grande, que vai levar tempo para que se conserte a situação e que não há possibilidades reais de mensurar prejuízos. Para isso, o município articula trabalhos com o Ministério Público e Defap, além de realizar contatos com agricultores e moradores da área urbana que mais foram atingidos. No seu entendimento, será necessário um trabalho em conjunto. O município não tem como dispor de uma equipe técnica para realizar uma avaliação geral, então é necessário estudar uma maneira de como isso poderá ser feito. A bióloga Leila Cristiane Bruxel, encarregada do setor ambiental da Prefeitura de Travessseiro, comenta que foi realizado um laudo dos danos e elaborado um projeto de recuperação. Ambos foram encaminhados à Defesa Civil do Estado. A expectativa, agora, é por uma resposta acerca dos dados levantados para que se inicie um trabalho de recomposição da vegetação das margens do Forqueta.
A madeira trazida pelas águas começa aos poucos a ser retirada para utilização nas propriedades agrícolas, informa Leila.
(O Informativo do Vale, 17/05/2010)