Coleções de cobras e aracnídeos se perderam com o acidente, ocorrido sábado de manhã
Uma perícia será feita no Instituto Butantan, na zona Oeste de São Paulo, para descobrir as causas do incêndio ocorrido sábado. Há previsão de que o resultado seja divulgado em 30 dias. Mas se suspeita que o fogo tenha sido provocado por um curto-circuito. Durante a noite, a chave geral do prédio havia sido desligada para serviços de manutenção na rede elétrica. O fogo começou quando a energia foi religada.
O incêndio no laboratório de répteis do Butantan destruiu milhares de espécimes de cobras e de aracnídeos, incluindo exemplares ainda não descritos pelos cientistas. Nenhum dos animais estava vivo. Toda a coleção de cobras do Butantã - 85 mil exemplares, a maior do mundo de animais da região tropical - queimou. Entre os aracnídeos - em especial aranhas e escorpiões -, a perda foi de 450 mil espécimes, das quais milhares ainda não tinham sido descritas pelo instituto.
A princípio pensou-se que, com os animais preservados no laboratório, haviam sido destruídos os livros de tombo, que continham os registros de coleta dos espécimes, de suas características e condições, mas depois se confirmou que foram salvos. O incêndio começou entre 7h e 8h e foi controlado por volta das 10h por dez viaturas e 50 bombeiros. Não houve feridos.
O diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, afirmou que "o estrago foi muito grande". "O prejuízo material, você recupera. O científico, não." O Butantan surgiu em 1898, estimulado por um surto epidêmico de peste bubônica no porto de Santos, e a criação foi oficializada em 1901. Treze anos mais tarde, foi inaugurado o prédio central. É um centro produtor de vacinas e importante pesquisador biomédico, dependente do governo de São Paulo. Recentemente, se responsabiliza pela produção de vacina contra a gripe H1N1.
(Correio do Povo, 17/05/2010)