O chanceler uruguaio, Luis Almagro, deixou aberta a possibilidade de aceitar uma sugestão feita pela Argentina quanto ao controle conjunto da fábrica de pasta de celulose UPM, ex-Botnia, localizada junto ao rio que divide ambos territórios.
"É uma proposta muito interessante, que abre a discussão e está perfeitamente dentro das margens de negociação", disse ele, após informar as comissões de Assuntos Internacionais das câmaras de Deputados e Senadores.
A indústria gerou um conflito bilateral que culminou em uma demanda enviada pela Argentina à Corte Internacional de Justiça, em Haia, em 2006, acusando o Uruguai de descumprir o Tratado do Rio Uruguai e assinalando que a empresa poluía a região.
Em 20 de abril o tribunal se pronunciou sobre a questão, confirmando o desrespeito ao pacto bilateral, mas negando uma eventual contaminação provocada pela UPM. Apesar da decisão, argentinos ainda bloqueiam pontes bilaterais em protesto contra a instalação da fábrica.
Almagro assinalou que será buscado "um documento único", de acordo com o Estatuto do Rio Uruguai, para a aplicação da decisão.
Na última quarta-feira, a Argentina apresentou ao organismo binacional Comissão Administradora do Rio Uruguai (Caru) a proposta do controle conjunto sobre o empreendimento, que, no entanto, foi construído totalmente em território uruguaio.
Em razão disso, o país havia replicado que os controles bilaterais devem ser efetuados somente sobre o rio. "Não podemos exceder as competências da Caru nem do que disse a sentença [de Haia]", declarara Almagro após tomar conhecimento da sugestão.
Os presidentes do Uruguai, José Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner, se reunirão no próximo dia 4 de junho para continuar as negociações, a fim de chegar a um acordo sobre a aplicação da decisão da Corte -- que recomendou o controle conjunto do rio, e não da fábrica. (ANSA)
(Ansa, 15/05/2010)