Mais da metade (51,3%) das crianças indígenas do país com até 5 anos de idade tem anemia, segundo relatório divulgado nesta semana pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Na região Norte, que engloba sete dos nove estados da Amazônia Legal, o índice é ainda maior: 66%.
Os dados fazem parte do 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, feito pela Funasa em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e financiado pelo Banco Mundial. O documento pretende ser um painel da situação da população indígena no Brasil, com foco na saúde de crianças menores de cinco anos e em mulheres de 14 a 49 anos.
As equipes de pesquisa coletaram informações em 113 aldeias de todas as regiões do país. No total, foram levantados dados de 6.707 mulheres e 6.285 crianças indígenas, residentes em mais de 5.250 domicílios.
A ocorrência de anemia também foi registrada em 44,8% das mulheres grávidas na Região Norte - em todo o país, a média é de 35,2%. As estatísticas não são muito diferentes paras as indígenas não grávidas.
O levantamento também analisou a prevalência de hipertensão arterial, que, segundo o relatório, ocorre em 2,4% das indígenas na Região Norte, de acordo com números de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em aldeias do Nordeste, a taxa sobre para 8,5% e, no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, passa dos 10%.
Na região Norte, mais de um quinto das mulheres disseram ter recebido tratamento contra malária nos 12 meses anteriores à pesquisa. O índice é bem maior do que a média nacional, de 4,9%. Apenas 1,6% das indígenas em todo o país afirmaram ter recebido tratamento contra a tuberculose no mesmo período.
Crianças
A maioria das crianças indígenas no Brasil nasce de parto normal, indica o documento da Funasa. O índice para a Região Norte, de 95,2% de partos normais, é pouco superior à média nacional, de 87%. Mas a taxa de crianças que nascem na própria aldeia nos estados do Norte (66,6%) é bem mais elevada do que a média do país, de 30,1%.
Já a porcentagem de crianças que tiveram diarreia na semana anterior à aplicação da pesquisa é menor no país (média de 23,5%) e maior entre as populações indígenas do Norte (37,9%).
(Globo Amazônia, 14/05/2010)