A chamada Terceira Revolução Industrial ou Revolução Pós-industrial ou Revolução Científica e Tecnológica já começou. Três marcos fundamentais são: 1) as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); 2) A biotecnologia e o genoma; e 3) A nonotecnologia.
Contudo, não haverá Revolução de fato sem a mudança da matriz energética do mundo. A energia fóssil, além de ser poluidora e grande responsável pelo aquecimento global, é finita e tem os seus dias (ou décadas) contados para esgotamento das reservas. O pico da produção do petróleo e gás está chegando ao seu limite máximo, enquanto a demanda por eletricidade deve continuar a crescer na medida em que cresce a população mundial e os países emergentes assumem um papel cada vez mais ativo na produção global.
O recente desastre provocado pela explosão de uma plataforma de petróleo da British Petroleum (BP) no dia 21 de abril de 2010, no Golfo do México, tem provocado prejuizos ambientais incalculáveis, enquanto a mancha de petróleo se espalha pelo oceano e atinge o litoral dos estados de Lousiana, Alabama, Flórida e Mississipi, nos EUA. Talvez este desastre sirva, também, de alerta para a exploracão do óleo do pré-sal brasileiro.
A Segunda Revolução Industrial foi marcada por uma economia do alto carbono e da alta poluição. Somente com Revolução Científica e Tecnológica será possível superar a era da poluição do petróleo e caminhar para uma economia do baixo carbono.Assim, as novas necessidades da sociedade Pós-industrial, a subida do preço do petróleo em 2008, os crescentes danos ambientais e o agravamento das mudanças climáticas desencaderam uma “corrida do ouro” pela energia renovável.
Segundo o projeto “Energia limpa 2030” da Google.org, o custo para adotar uma matriz energética verde nos Estados Unidos até 2030 é de cerca de US$ 3,86 trilhões. Para o resto do mundo, pode-se multiplicar este custo por pelo menos 5 vezes, ou seja, cerca de US$ 20 trilhões. O que não é muito, considerando que o PIB mundial está, atualmente, em torno de 60 trilhões de dólares.
Porém, os investimentos necessários para incrementar a energia renovável do mundo terão um enorme efeito multiplicador sobre as economias nacionais, possibilitando a geração de empregos verdes e a melhoria da qualidade de vida humana e ambiental. Os países que saírem na frente desta “corrida do ouro” terão ganhos adicionais, não só em termos ambientais, mas também econômicos e em termos de competitividade internacional.
Segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep, na sigla em inglês), o investimento mundial em energia renovável (chamado de “corrida do ouro verde”), aumentou cerca de 60 por cento, em 2007. O investimento em energia solar cresceu 254%. O investimento em energia limpa, de fontes como vento, sol e biocombustíveis cresceu no ano passado três vezes mais rápido do que o previsto pelo Unep. Por outro lado, uma subida no preço do petróleo, levará a um aumento nos investimentos em energia renovável e limpa.
Na corrida entre os países, a China ultrapassou os Estados Unidos, em 2009, e se tornou o maior investidor em tecnologia de energias renováveis, segundo a BBC. Os pesquisadores do instituto americano Pew calculam que a China investiu US$ 34 bilhões em energia limpa, em 2009, quase o dobro do investimento realizado nos Estados Unidos. A China está não só investindo na mudança da sua matriz energética – que é uma das mais poluidoras do Planeta – mas também criando uma industria de equipamentos de energia verde que vai transformar o país no maior exportador do mundo nesta área e líder da Revolução Científica e Tecnológica.
O Brasil, graças aos investimentos em biocombustíveis, ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido aproximadamente R$ 13,2 bilhões, atrás de China, EUA, Grã-Bretanha e Espanha. Porém, o Brasil tem problemas ecológicos com seu programa de biocombustíveis e tem investido pouco quando se trata de energia eólica e, principalmente, energia solar concentrada e fotovoltaica.
O fato é que a “corrida do ouro” da energia renovável já começou e o país que quiser garantir qualidade de vida para sua população, respeitando o meio ambiente, terá participar desta maratona que pode garantir bem-estar geral e contribuir para salvar o Planeta.
(EcoDebate, 14/05/2010)