Os preços de celulose de fibra curta devem permanecer em patamares altos ao longo de 2010. A Suzano Papel e Celulose, porém, não quis comentar se vão ocorrer novos reajustes. Apesar disso, a companhia destacou que a demanda pelo produto está apertada e os estoques seguem em queda.
"A oferta cresceu mais do que a demanda e os estoques ficaram reduzidos. As condições, portanto, são para a manutenção dos preços altos, como uma tendência que vem do ano passado", disse o diretor de relações com os investidores da Suzano, André Dorf, após divulgar os resultados da empresa no primeiro trimestre de 2010.
Os estoques atingiram 26 dias de produção no final de março. Com isso, está 17 dias abaixo do número registrado no mesmo período do ano passado e 6,7 dias inferior à média histórica de 32,7 dias. Além dos reajustes apurados no primeiro trimestre em todas as regiões, as empresas do setor também anunciaram recentemente novos aumentos para abril e maio. No ano, a valorização acumulada até o momento é de US$ 190 por tonelada.
Os preços de referência da fibra curta saltaram para US$ 920 por tonelada na América do Norte, US$ 890 na Europa e US$ 850 na China e no resto da Ásia. Analistas já projetam mais um aumento de US$ 20 a US$ 30 por conta da queda nos estoques. O movimento de alta deve ser acompanhado pela Suzano e pela Fibria.
Questionado sobre as estimativas, Dorf desconversou e disse que há apenas uma tendência de alta. "Além disso, a oferta do Chile também deve voltar à normalidade no segundo semestre após o terremoto que atingiu o país no começo do ano e reduziu os estoques mundiais de celulose", acrescentou o diretor. Segundo ele, os chilenos respondem por 8% da produção mundial de celulose.
Consultorias especializados apontam que o desastre pode ter provocado uma redução entre 600 mil e 800 mil toneladas na produção de celulose de fibra curta e longa.
(Por Fernando Taquari, Valor Online, 13/05/2010)