Representantes de cinco nações indígenas da Argentina iniciaram na madrugada desta quinta-feira (13/5) uma marcha em direção a Buenos Aires, aonde devem chegar no próximo dia 20. Eles participarão, no dia 25, das comemorações pelo bicentenário da Independência do país. Convidados pelo governo de Cristina Kirchner, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os outros chefes de Estado dos países sul-americanos deverão participar das cerimônias que lembrarão o início do movimento revolucionário de 1810, ano decisivo para o fim do domínio espanhol sobre a Argentina.
A marcha indígena começou, simultaneamente, em três pontos distintos do país vizinho: La Quiaca, na fronteira com a Bolívia; Posadas, limítrofe com o Brasil e o Paraguai, e Neuquén, perto da Cordilheira dos Antes e do Chile. O objetivo politico da marcha é pressionar o governo argentino a reconhecer os indígenas como integrantes de um Estado plurinacional onde vivem mais de 30 nações nativas.
Documento divulgado pelos chefes dos grupos indígenas destaca que o bicentenário da Argentina "deve ser oportunidade histórica para a inclusão de uma enorme riqueza cultural”.
“Apesar de cinco séculos de repressão religiosa, mantemos o vínculo com nossos mundos, que incluem normas de justiça e convivência que nos permitem manter um sistema comunitário de vida em muitos territórios onde o Estado não está presente. A diversidade cultural das nações indígenas foi menosprezada ao longo dos 200 anos de vida republicana da Argentina, permanecendo oculta como um elemento de vergonha", acrescenta o texto.
De acordo com informações da Agência Boliviana de Informação (ABI), os indígenas argentinos querem uma série de reparações consideradas históricas. Uma delas é a devolução de terras em mãos do Estado, para "amenizar a necessidade imperiosa de espaço físico requerido pelo nosso desenvolvimento econômico e cultural".
(Agência Brasil / Correio Braziliense, 13/05/2010)