Uma situação preocupante em Mato Grosso do Sul. O número de animais silvestres atropelados nas estradas revela o descaso dos motoristas ao transitar em áreas de preservação ambiental.
Em poucos metros três animais mortos à beira da estrada. A cena é na BR-163, que liga Campo Grande a São Paulo. Um lobinho, uma capivara e um tamanduá. Perto dali mais um animal silvestre morreu atropelado. Era outro tamanduá.
No ano passado, dos quase três mil acidentes nas estradas federais do Estado, cento e oitenta e cinco envolveram animais. Só este ano, foram 38 atropelamentos. Mas estes acidentes não acontecem apenas nas estradas.
No Parque dos Poderes, em Campo Grande, é uma área de preservação ambiental dentro da cidade. A mata nativa abriga muitos animais silvestres. Apesar das placas que indicam a travessia dos bichos, muitos acabam atropelados. Foram encontrados três quatis mortos no parque. O animal de um grupo que atravessava a avenida foi atropelado e ficou pelo caminho. Ele ainda respirava, mas não conseguia acompanhar os outros.
Só no ano passado, foram 15 atropelamentos nas ruas do parque. Para a Polícia Militar Ambiental, o excesso de velocidade é uma das principais causas.
“Principalmente onde tivemos curso d’água, que é onde esses bichos, na grande maioria dos horários, vão estar concentrados e começa a ocorrer um processo de migração de curso d’água para curso d’água”, explicou Darci Caetano dos Santos, tenente da Polícia Militar Ambiental.
A reserva da Universidade Federal do Estado, onde fica o Lago do Amor, é outra área de preservação em Campo Grande. Os animais circulam com frequência pelo lugar. Muitos se tornam vítimas do trânsito.
Roberta Martins é veterinária do Cras, Centro de Reabilitação de Animais Silvestres. O centro é como um grande hospital para animais silvestres. Depois de reabilitados, eles são soltos na natureza.
Mas em casos de atropelamento, muitas vezes o animal não resiste. Foi o que aconteceu com a capivara. Só no ano passado, cinquenta e cinco animais atropelados foram atendidos no lugar. Segundo a veterinária, vinte por cento não sobreviveram ao tratamento. O filhotinho de anta e o lobinho estão em recuperação. Vítimas de atropelamentos, eles foram encontrados em estradas próximas à capital.
“Um animal representa muito para a natureza, principalmente em Mato Grosso do Sul, onde se tem a fauna muito rica de cerrado e pantanal. Então, realmente, a perda para o meio ambiente e para a fauna silvestre é muito grande”, falou a veterinária.
Segundo o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, o motorista que atropelar o animal deve avisar as autoridades ou encaminhá-lo ao centro de recuperação.
Até mesmo quando o animal morre, o fato deve ser informado, porque o ideal é retirá-lo da estrada e evitar novos acidentes. O quati, citado na reportagem, recebeu atendimento, conseguiu se recuperar e voltou à mata.
(Renctas / Envolverde, 13/05/2010)