Os movimentos sociais do Maranhão denunciam a situação de conflito permanente que vive o estado por conta do avanço do agronegócio. A avaliação é que o Estado optou por abandonar os trabalhadores rurais, em benefício da produção de monoculturas para exportação.
As denúncias reveladas pelo MST apontam a privatização das terras pelo agronegócio como principal motor do massacre em curso por todas as partes do estado.
Segundo Elias Araujo, da coordenação do MST no Maranhão, há mais de 15 mil famílias enfrentando conflitos agrários.
O presidente da Fetaema, Chico Sales, acrescenta que esses crimes afetam uma população rural responsável pela contribuição da produção agrícola originária da agricultura familiar, que equivale a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.
Ele ressaltou também que, no Maranhão, mais de 80% dos trabalhadores rurais atuam na agricultura familiar.
As denuncias foram apresentadas em uma seção especial na Assembléia Legislativa do Estado, na quinta passada.
A plenária tinha como objetivos, além de mostrar os dados dos conflitos no Maranhão, discutir o limite da propriedade privada da terra.
Para os movimentos sociais, essa medida pode ser um instrumento para controlar os conflitos existentes por conta da terra, além de gerar mais emprego e distribuição de renda.
Além de movimentos sociais, a sessão contou com a presença de órgãos responsáveis pela questão agrária, como o Incra e o Instituto de Terras do Maranhão (Iterma), que receberam fortes criticas dos movimentos e dos parlamentares por conta da lentidão em se posicionar sobre as áreas em conflito.
O governo do Estado e o Poder Judiciário também foram criticados por cumprirem com rapidez as liminares de reintegração de posse, enquanto demoram na desapropriação e titulação de terras.
A atividade foi organizada pelos movimentos que compõem o Comitê Estadual da Campanha pelo Limite da Propriedade, Centro de Cultura Negra (CCN), à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), MST e FETAEMA.
(Por Reynaldo Costa, MST, 12/05/2010)