Todos os dias, milhares de litros de óleo vegetal são utilizados no preparo dos alimentos pelas famílias, escolas, bares e restaurantes. Porém, depois de usado, a substância, muitas vezes, é despejada incorretamente em pias, ralos, sanitários, solos e águas, causando sérios problemas ambientais, como a poluição das águas e o entupimento de tubulação que provoca enchentes. Estima-se que apenas um litro de óleo vegetal possa poluir mil litros de água pura.
Foi pensando em transformar essa realidade que o Instituto Morro da Cutia de Agroecologia (IMCA), localizado no Rio Grande do Sul, aderiu à tecnologia social da transformação do óleo vegetal em biocombustível há cerca de oito anos. O intuito é conscientizar a população e incentivá-la a separar o óleo para ser transformado em combustível.
Segundo o ambientalista do IMCA, Paulo Lenhardt, com esta iniciativa, o instituto dissemina a ideia de reutilização do óleo de cozinha entre a população e, principalmente, entre os agricultores que podem transformar a substância em biocombustível de seus tratores e outros equipamentos. Além de preservar os recursos hídricos, a tecnologia social oferece uma alternativa de geração de energia reaplicáveis pelas comunidades rurais.
"Aqui na região, os restaurantes praticamente não jogam mais óleo de cozinha fora. Nosso foco agora é conscientizar as famílias, para que o óleo doméstico também seja reaproveitado. A campanha de coleta é muito grande", ressaltou. "As escolas também já abraçaram a causa e trabalham o tema com os alunos", completou.
Após ser coletado, o óleo é acondicionado e limpo através de um sistema de filtragem, em uma estação de tratamento, de onde sai o biocombustível pronto para ser utilizado. "O óleo vegetal possui uma eficiência energética compatível com a do óleo diesel e pode ser usado nos veículos automotores que forem adaptados para recebê-lo", esclareceu Paulo. Com 10 litros de óleo vegetal é possível produzir cerca de seis litros de combustível.
Os agricultores que utilizam o óleo transformado em seus equipamentos passam a ter todas as ferramentas necessárias para incentivar processos de coleta dentro de suas próprias regiões.
O ambientalista Paulo Lenhardt foi premiado pela Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007, na categoria "Aproveitamento/tratamento de rejeitos/resíduos/efluentes de processos produtivos".
Mais informações pelo telefone: (51) 3649-6087 ou pelo e-mail: morrodacutia@morrodacutia.org.
(Por Tatiana Félix, Adital, 12/05/2010)