Conscientizar as pessoas sobre a necessidade de reduzir o consumo das sacolas plásticas para preservar o meio ambiente foi o tema da atividade Mínima Intervenção Possível (MIP) realizada por um grupo de quatro alunos do curso de Gestão Ambiental da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), ontem pela manhã no Centro.
Vestidos com sacolas plásticas e segurando o cartaz com a frase criada pela campanha do Ministério do Meio Ambiente "Saco é Um Saco" - com as letras formadas com sacolas plásticas e coladas em uma caixa de papelão aberta - os estudantes tiveram a ideia de conversar com os clientes em um supermercado no Centro, mas foram impedidos de fazer a intervenção no estabelecimento. "Não deixaram que a gente ficasse na loja, então fomos para a rua conversar com as pessoas. Foi uma experiência interessante, porque cada um reage de um jeito com a abordagem. Queremos que todos pratiquem o princípio dos três "Rs": reduzir, reutilizar e reciclar, disse Dario Bárbaro de Almeida, 22, o Maravilha.
A estudante Bruna Cica, 23, ressaltou que o objetivo da MIP é a educação ambiental. "As pessoas precisam reduzir o consumo dessas sacolinhas. Sabemos que será difícil acabar com elas, porque há um segundo uso que é para colocar o lixo. A ideia que tivemos de ir ao supermercado era para incentivar a mudança de atitude para que as pessoas pegassem menos sacolinhas. A própria rede tem uma campanha para o uso da sacola retornável, uma política de preservação do meio ambiente mas não nos deixaram entrar", comentou Maravilha.
Mesmo sem ingressar no estabelecimento, os estudantes consideraram a iniciativa positiva. "Encontramos um consumidor que saiu do local com uma caixa de filtro de café, sem a sacola plástica, levando na mão o que comprou", disse Priscila Tavares, 21.
CONSUMIDOR. A proposta deles se vestirem com as sacolas, além de chamar a atenção das pessoas, é fazer com que a população pense sobre sua atitude enquanto consumidor. "O homem acaba também se tornando um produto, um objeto de consumo", avaliou Eduardo Barros, 24.
Na abordagem, o grupo entregou panfletos aos motoristas que ficavam parados nos semáforos. Os estudantes reaproveitaram o lado em branco de uma folha impressa para escrever sua mensagem.
Com um pedaço de saco plástico colado na folha, eles escreveram as mensagens em balões de diálogos, como nos gibis. "É como se o plástico estivesse alertando as pessoas sobre o mal que ele causa à fauna e a flora. É estranho um ser inanimado falar. O que leva a questionar se é ele que está falando ou a consciência de quem está lendo", observou Eduardo.
As mensagens informavam sobre os danos provocados por esse produto, como a morte de um milhão de aves e 100 mil mamíferos por ano, que os bilhões de sacolinhas utilizadas no país acabam nos lixões. Chegam ao mar 473 toneladas de sacolas plásticas por hora. As tartarugas marinhas confundem com água-viva, comem a sacolinha e morrem asfixiadas. "O consumidor não sabe que na compra, além da sacolinha ele leva também diversas embalagens plásticas, como a que embrulha legumes, frutas e carnes e outros produtos", ressaltou Eduardo.
Segundo o grupo, a maioria dos motoristas que leu o panfleto, entregou-o de volta, o que permitiu distribuir o material para mais pessoas. "Isso foi legal porque se eles levassem embora, certamente o destino da folha seria o lixo", disse Priscila.
Eles também disseram que os motoristas dos carros mais luxuosos ficaram receosos em abrir o vidro. Os que se dispuseram a conversas, diziam que sabiam do que se tratava.
"Isso indica que supostamente, segundo alguns que foram um pouco mais receptivos, estão conscientes sobre a redução do uso das sacolinhas. Teve um que pegou o panfleto e devolveu com R$ 0,75. Tentei devolver o dinheiro, mas o semáforo abriu e ele saiu rápido. Era o motorista de uma Parati modelo antigo".
NÚMERO
1 milhão de aves morrem por ano por causa das sacolinhas plásticas
(Por ADRIANA FEREZIM, Gazeta de Piracicaba, 12/05/2010)